Por Cláudio Duarte
Nesta série de três artigos, mostraremos as características do Sudário de Turim, que o tornam o objeto mais estudado pela ciência e permanece ainda inexplicável. O Sudário é objeto de fé, porquanto ligado a Jesus Cristo, mas também de interesse científico, em razão de suas peculiaridades que a ciência ainda não consegue entender e nem explicar.
Que é o Sudário de Turim? Um linho, de 4,36 metros de comprimento por 1,10 metro de largura, em que aparece a figura de um homem de frente e de costas, unido pela cabeça.
A imagem do homem é fraca, quase apagada, semelhante ao queimado de uma roupa quando se deixa o ferro quente sobre ela.
Desde 1578, o linho encontra-se em Turim, Itália, de posse dos Saboias, uma das mais antigas famílias nobres europeias, presentes desde o século X no território do Reino da Borgonha.
O Sudário passou a ser propriedade da Igreja Católica em 1983, quando o último rei da Itália da família Saboia, Humberto, que morreu no exilio, doou o Sudário ao “papa e seus sucessores”. Mas ele permanece em Turim. Quando o Papa João Paulo II quis ver o Sudário, o Papa teve de ir a Turim.
Voltando no tempo, em 1898, o futuro rei Victorio Emmanuelle III, da família Saboia, iria casar-se e a família decidiu realizar uma exposição de arte sacra em Turim, na qual o Sudário seria exposto.
O advogado Secondo Pia, então com 43 anos, foi encarregado da exposição e da seleção dos objetos a serem expostos.
A fotografia estava em seus primórdios; foi uma gestação lenta e laboriosa desde o início dos anos 1800, que teve a participação de muitos cientistas.
Secondo Pia, amante da fotografia, era o presidente da Associação de Amantes da Fotografia de Turim e foi autorizado a fotografar o Sudário que estaria exposto para o público.
Para a geração atual, acostumada com fotografar no simples apertar de uma tecla no celular, torna-se difícil imaginar os obstáculos técnicos que o advogado enfrentou para fotografar o Sudário. A primeira tentativa falhou.
Na segunda tentativa, ele fez duas fotos. Para obtê-las, ele teve que deixar a máquina apontada para o Sudário por 14 minutos e por 20 minutos a fim de que a máquina captasse a imagem.
Ao final dos 20 minutos de exposição, Pia recolheu a placa ortocromática (sensível às diversas cores) e as levou para o laboratório escuro a fim de revelar as fotografias. Cada placa tinha 50X60 cm e nelas estaria o negativo fotográfico das fotos.
Pia colocou as placas na solução de oxalato de ferro, usado como elemento sensível à luz no processo de impressão fotográfica, e esperou o resultado. Estava nervoso. Começaram a aparecer as linhas na chapa, mostrando que ele tinha obtido sucesso.
O filme fotográfico é uma lâmina de celuloide, com sais de prata sensíveis à luz. Quanto mais luz entra na câmera, mais os sais de prata escurecem. Então, no negativo as partes claras ficam escuras e as escuras ficam claras. Também o que está à direita no negativo aparece à esquerda. Por isso, é “negativo”, o contrário do que vemos.
Ao retirar a chapa do banho de oxalato de ferro, Secondo Pia viu que as imagens do corpo do Homem do Sudário haviam adquirido nitidez, definição e profundidade.
Secondo Pia concluiu que a foto impressa na chapa não era o negativo; era um positivo! A conclusão é de que a imagem do Homem do Sudário no linho é um negativo fotográfico. O negativo do linho, associado com o negativo da foto, resultou no positivo, isto é, na imagem nítida do Homem do Sudário.
Na foto do Sudário, o que era claro ficou escuro e tornou nítida imagem de um homem morto, com detalhes precisos que não eram vistos diretamente no lençol, que tinha a imagem apagada.
A imagem de um homem em linho, em negativo fotográfico, que existia muito tempo antes de a fotografia ser inventada, despertou o interesse dos cientistas.
Surgiu, então, um dos grandes questionamentos sobre o Sudário.
O Sudário tem registro histórico desde o ano de 1453. Como poderia um artista, antes de 1453, ter produzido uma obra em negativo fotográfico, se a fotografia foi inventada somente 500 anos depois?
Que artista seria capaz de produzir obra única e sem igual no mundo e em negativo fotográfico? Ninguém na Idade Média poderia imaginar que a fotografia seria inventada.
Além disso, todos os artistas assinam suas obras, e o Sudário não tem assinatura de nenhum artista.
Até Secondo Pia, o Sudário era objeto de fé e de veneração. O “negativo fotográfico” despertou o interesse científico sobre o linho, e os cientistas debruçaram-se sobre ele para estudá-lo.
Inicialmente a curiosidade foi despertada pelo fato de o Sudário ser negativo fotográfico. Logo, porém, os cientistas passaram a fazer novas e impressionantes descobertas, que desafiam a ciência até hoje e permanecem inexplicáveis.
Eles viram que o Homem do Sudário tem sinais de crucificação, de flagelação, de ter sido coroado com espinhos, de ter levado um lançaço no lado direito do corpo. Eles, então, perceberam que o Homem do Sudário apresenta todas as características que Jesus Cristo sofreu na paixão e que estão narradas nos Evangelhos.
Médicos legistas, químicos, arqueólogos, engenheiros, radiologistas, críticos de arte, botânicos, todos examinaram o Sudário em busca de explicações. Até hoje, não há consenso sobre como a imagem do homem se fixou no linho e como pode existir essa obra única no mundo.
Embora haja pessoas que pretendam atribuir a autoria do Sudário a uma pessoa ou até a Leonardo da Vinci sem dar maiores explicações sobre o linho, a maioria dos estudiosos considera que não há como o Sudário ser obra de um artista e ter sido feito por mãos humanas.
As maiores evidências dizem que o Sudário é verdadeiro, mas um teste de carbono 14, feito em 1988, datou a confecção do linho do Sudário entre os anos 1260 a 1390; não seria, portanto, da época de Jesus. Mas, em 1988 o teste de carbono 14 não tinha precisão; testes feitos na época apresentaram datação errada. Os testes não permitiram contraprova porque eliminaram as amostras utilizadas. O fato de o Sudário ter ficado muitas vezes em exposição pública, visto por fiéis que portavam velas acesas, pode ter acrescentado carbono ao linho, o que rejuvenesceu a idade do linho e comprometeu o resultado da datação. Foram feitos outros questionamentos ao resultado.
O Sudário está guardado quieto em Turim, e somente fatos negativos ou contrários a sua autenticidade merecem destaque na imprensa. Mesmo porque o teste de carbono 14 realizado não responde a outros questionamentos, tais como o fato de ser um negativo fotográfico, não explicar a técnica utilizada em sua confecção, não esclarecer como a imagem se fixou no linho e muitas outras.
Veremos outras características do Sudário nos próximos dois artigos. O artigo de amanhã abordará as teorias sobre como a imagem do homem se fixou no linho. Teorias, porquanto a ciência não consegue explicar o fato.
Cláudio Duarte é colunista e colaborador do Portal iMulher e estudioso do Sudário de Turim.
Fontes bibliográficas (algumas, pois a bibliografia é extensa):
I Congresso Internacional sobre o Sudário de Turim, realizado no Rio de Janeiro, em 2001, do qual participou.
O DNA de Deus?, de autoria de Leoncio Garza-Valdes, Editora Mandarim, 2000.
O Sudário do Senhor, Sua Autenticidade e Transcendência, de autoria de Manuel Solé SJ, Ed. Loyola, São Paulo, 1993.
O Santo Sudário – Milagrosa Falsificação?, de autoria de Preney, Julio Marvizón, tradução de Magda Lopes. Editora Mercuryo, São Paulo, 1998.
3 Comentários
Assuntos misteriosos nunca esgotam nossa paciência e desejo de saber. A exposição de forma simples e objetiva é forma de cativar e segurar o leitor. Aguardo a continuação….
Artigo! lindo e emocionante! Faz reflexões sobre os mistérios “provas” que Jesus esteve entre nós.
Excelente texto! Rico em informações, emocionante….parabéns!
Matéria fascinante!