A Copa do Mundo de Futebol permite aos brasileiros aprender mais sobre o Qatar, e os aprendizados podem ser úteis para todos. Ao pesquisar sobre hábitos e costumes dos cataris, o PORTALIMULHER descobriu que há costumes comuns aos dois países, como o da falcoaria, muito mais forte lá que aqui.
Uma das tradições do Qatar que se desenvolveu ao longo de sua história é a falcoaria (criação de falcões), considerada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como Patrimônio Cultural Imaterial da humanidade.
Os falcões eram responsáveis por caçar presas no deserto para os beduínos se alimentarem e a arte de criar falcões se desenvolveu em outras partes da Península Arábica. Ao longo da evolução, os falcões se especializaram no voo em velocidade, ao contrário de águias e abutres, que fazem o voo planado. Por isso são aves que atuam em ambientes abertos, como montanhas, estepes e desertos; não são aves de florestas.
O falcão-peregrino, especializado na caça de aves médias e grandes em voo, pode atingir 320 km/h ou mais e é o animal mais rápido da terra.
Os tempos da necessidade de caça passaram-se, mas a admiração pelas aves permaneceu. Criar as aves tornou-se uma forma de manter viva a tradição e a história do país. Não só do país; a falcoaria tem seguidores em todo o mundo. Atualmente, no Qatar a caça é recreativa e realizada em competições oficiais, que vão de setembro a março.
As competições envolvem disputas de corridas aéreas com pombos e concursos de habilidade e beleza.
Na Idade Média, os falcões eram apreciados como animais de caça e eram acessíveis apenas a reis e nobres. Neste sentido, o elitismo dos falcões permaneceu, porque os falcões tornaram-se símbolo de status; famílias ricas têm seus exemplares. O preço inicial de um falcão no Qatar gira em torno de R$7.500.
Quando viajam pelo mundo para participar de competições, os criadores levam suas aves na classe executiva de aviões para que viajem com maior conforto e fora de gaiolas.
O Qatar possui sociedade protetora de falcões que mantém clínicas e hospitais veterinários especializados na espécie.
Para não haver o risco de extinção da espécie em face da criação doméstica e para que haja a continuidade das aves, os criadores soltam alguns falcões, previamente selecionados, em seus lugares de origem.
Fazendas criam falcões para comércio. Apenas comprar falcões não torna a pessoa um falcoeiro; é preciso aprender técnicas e processos para cuidar do animal e para treiná-lo.
O interesse por falcões não se limita apenas ao Qatar e ao Oriente Médio. Há clubes de falcoaria na América do Norte, Europa e até no Brasil.
As cidades de Penha (SC), Foz do Iguaçu (PR), Camanducaia (MG) e Campinas (SP) têm clubes de falcoaria. A cidade de Monte Verde (MG) tem escola de falcoaria. A cidade de Itabaiana, Sergipe, tem o Parque dos Falcões, único centro de criação, multiplicação e preservação de aves de rapina da América do Sul. É também o único local do país com autorização do Ibama para a criação de aves de rapina. Outras cidades têm clubes de falcoaria, cujo objetivo é a união de amigos que têm a falcoaria como atividade em comum.
Existem oportunidades de negócios em setores que nem se imagina.