Por Cláudio Duarte
Liberdade e saúde são dois grandes bens reconhecidos e exaltados principalmente depois de perdidos.
Experimente viver a sensação de não poder manifestar o que você pensa. Experimente a sensação de não poder dizer o que pensa sob risco de ser preso.
Experimente a sensação de ter a polícia a sua porta a mando de alguém, poderoso, que não gostou do que você falou ou escreveu nas redes sociais. Experimente a sensação de ter o blog (twiter ou facebook) fora do ar apenas porque você falou uma palavra que não é do gosto do censor todo poderoso.
Experimente a sensação de ter patrulhamento de suas opiniões e do que você escreve. Experimente a sensação de insegurança de não saber se o que você publicará será aprovado pelo censor de plantão.
Experimente a sensação de você somente poder dizer o que o mandachuva quer ouvir e aceita.
A perda da liberdade não se faz de uma vez; começa aos poucos, como que tendo bons e nobres motivos a lhe dar causa e legitimidade. Aos poucos, expande-se e passa atingir muitos, até atingir a todos. Completou-se o domínio pela força, pela censura, pela ameaça, pela prisão e fatalmente chegará ao “paredón”.
Somente quem é privado da liberdade entende os sentimentos de revolta, de indignação e de impotência diante tamanha violência. Você será livre somente para dizer aquilo que o mandão aceita ou aquilo com que ele concorda.
Isto é a privação da mais elementar liberdade: a de falar e a de expor opinião, a qual começa a afetar sua mente, seus pensamentos e até sua maneira de pensar.
A história da liberdade dos povos é a história de suas lutas contra a dominação imposta pelo poder público ou contra as limitações impostas aos cidadãos pelo governante de plantão. Por vezes, nem precisa ser governante; basta ser alguém a quem foi dado poder e que se arvora todo-poderoso, o dono da verdade e que julga saber o que é melhor para você e para a sociedade.
O pior das algemas e das correntes não é a perda da liberdade; é a perda da vontade de libertar-se delas e a perda do desejo de lutar pela liberdade. Neste caso, haverá a escravização completa do corpo e da mente.
A liberdade tem muitos inimigos.
Do lado do dominado, a ignorância do escravizado, que aceita a escravidão passivamente ou em troca de migalhas. O amor ao conforto, que leva à acomodação e ao desânimo de lutar pela liberdade.
A luta do pobre pela sobrevivência, que mal lhe dá tempo e força para lutar. O pobre faminto se preocupa mais com quatro sanduíches ou com o churrasco que com sua liberdade.
Escravos felizes são os piores inimigos da liberdade.
Os inimigos da liberdade do lado do opressor são outros. O desejo de impor seu pensamento e sua ideologia. O desejo de conquistar povos.
A psicopatia de se sentir endeusado e idolatrado, nem que seja por idiotas, bajuladores e servis. O orgulho de sentir-se dominador e manipulador de pessoas.
O desejo do poder pelo poder e não para fazer o bem dos governados. A ganância dos ricos.
Os tiranos temem o povo livre, culto, bem informado, unido e com meios para defender sua liberdade.
Precisamos estar dispostos a pagar por nossa liberdade pois, por maior que seja o preço a pagar por ela, este preço será sempre menor que a sua perda.
Cláudio Duarte é coronel da reserva do Exército, bacharel em direito e professor de educação física.
8 Comentários
Transformando a tragédia em poesia.
Cláudio, você é simplesmente direto e sábio na escolha das palavras e na forma de escrever. Você escreve por todos nós, ansiosos de que estes dias passem e que não sobrem deles nenhuma migalha de censura!!! LIBERDADE é o maior bem que temos. Deus nos deu tudo de mais lindo nessa vida, e a liberdade é uma delas.
Parabéns pela coluna e pelo registro da data histórica.
Parabéns por descrever com tamanha lucidez essa realidade.
Estou certo que conseguiremos nossa liberdade!
Como sempre direto e reto em seu discurso. A liberdade não tem preço…
Excelente coluna! Eu destaco uma frase: “Escravos felizes são os piores inimigos da liberdade.” 👋👋👋
Simplesmente PERFEITO.
Irretocável!
Parabéns pela coluna!