No mundo dos negócios e até mesmo na vida cotidiana, quem tem presença de espírito costuma sair-se bem diante de situação desconfortável e até transforma a dificuldade em comentários inteligentes, por vezes com boa dose de humor.
JÂNIO QUADROS
Colaboração da amável leitora Margarida Siqueira, de Cascavel, PR.
Jânio da Silva Quadros (1919 – 1992) foi advogado, professor e político brasileiro. Como político, teve carreira meteórica, tendo exercido os cargos de vereador, deputado, prefeito da cidade de S. Paulo, governador do Estado de S. Paulo e presidente da República, cargo ao qual renunciou em 25 de agosto de 1961.
Tinha estilo político dramático, o que a renúncia ao cargo de presidente bem demonstra, mesmo porque o fato não foi perfeitamente esclarecido.
Ele gostava de usar palavras difíceis para manter a imagem de pessoa culta. Comenta-se que, ao ser indagado sobre os motivos de sua renúncia em 1961, teria respondido: “Fi-lo porque qui-lo“. Ele quis dizer “fiz isso porque quis isso”, ou, simplificando, “fiz porque quis”.
Gramaticalmente, a frase “fi-lo porque qui-lo” está correta, havendo restrição apenas quanto à colocação do segundo pronome “O”, que é atraído pela conjunção “porque”. Ficaria mais correto “fi-lo porque o quis”.
A resposta demonstra sua capacidade de comunicação e de manter-se em evidência. Tanto assim é que, até hoje, fala-se na frase atribuída a ele.
Há outra passagem na qual Jânio Quadros usou o pronome com maestria e com duplo sentido.
Ao ser indagado se saberia descrever os melhores atributos das mulheres, Jânio Quadros respondeu: “Sei-os”.