Educação e caráter não dependem de dinheiro, origem e nem de posição social
O fato narrado aconteceu durante o governo Eurico Gaspar Dutra (1883 – 1974. Foi presidente do Brasil no quinquênio 1946 – 1951), por ocasião do lançamento da Campanha Nacional da Criança, que teve lugar em almoço realizado no Palace Hotel, Rio de Janeiro.
Naquela ocasião, o deputado paulista Ítalo Brasil Portieri fez uso da palavra e ilustrou a sua fala com um fato que havia acontecido com outro deputado paulista, cujo nome não foi citado.
Depois da II Guerra Mundial, muitos japoneses migraram para o Brasil, e era comum os imigrantes colocarem as filhas para trabalhar em casas de família como domésticas, para que elas aprendessem a língua e os costumes do lugar.
Uma jovem japonesa, filha de imigrantes, havia sido empregada na casa de um deputado, colega e amigo do deputado Portieri.
Numa manhã de domingo, o deputado estava em casa e lia o jornal calmamente. Tocou o telefone, e a japonesinha atendeu. Era alguém querendo falar com o deputado. Como não queria ser incomodado naquela manhã, o deputado disse para a moça: “Diga que eu não estou”.
A moça estranhou e lhe respondeu:
– Mas o senhor está em casa. Não posso dizer que o senhor não está aqui.
Surpreso e contrariado, o deputado se exaltou e disse para a japonesinha:
– Faça o que eu estou mandando. Sou o seu patrão e estou lhe mandando dizer que não estou.
Replicou a jovem:
– Não posso. Minha religião me impede de mentir. Além disto, meus pais não admitem mentira.
Foi o estopim para o deputado gritar para ela:
– Pois então você está despedida. Não quero empregada que não obedece às minhas ordens. Você não serve para minha empregada.
Logo depois, o deputado acalmou-se. Voltou atrás no que havia dito à moça e lhe dirigiu a palavra:
– Menina, dou-lhe nova oportunidade. Você pode ficar trabalhando para mim, mas doravante terá que obedecer às minhas ordens.
A resposta da menina foi desconcertante, mas evidencia o que é caráter, honestidade e fé:
– Não, doutor, obrigada. Eu vou-me embora, porque o senhor é que não serve para ser meu patrão.
O caso foi contado ao deputado Portieri pelo próprio que, emocionado, disse que aprendera a maior lição de sua vida, que lhe foi dada por uma mocinha humilde que, além de tudo, ainda precisava do emprego.
1 comentário
Excelente exemplo, principalmente por ser dado por uma jovem que deixou de lado sua necessidade e fez prevalecer o seu caráter.