Nossa Dica Cultural desta semana não poderia seu outra. Confira a perspectiva de nossa editora e colunista Simone Hillbrecht para o grande vencedor do Oscar 2022.
CODA – No Ritmo do Coração
O grande vencedor do Oscar foi aposta certeira da Apple, que adquiriu os direitos do filme por US$ 25 milhões no Festival de Sundance do ano passado – o valor pago é a maior transação da história do festival. O projeto é um remake do francês “A Família Bélier”, dirigido por Eric Lartigau em 2014. O que há de novo no drama da roteirista e diretora Sian Heder – e faz toda a diferença – é o elenco. Enquanto a família no filme original foi interpretada por membros do elenco, todos ouvintes (com exceção do irmão, protagonizado pelo ator surdo Luca Gelberg), todo ele é retratado por artistas surdos na vida real que roubam a cena, infundindo sua adaptação com um tipo raro e inerente de autenticidade.
CODA – acrônimo em inglês para Children of Deaf Adults (filhos de adultos surdos, em tradução livre) conta a história de Ruby (Emilia Jones), uma jovem de dezessete anos que deseja uma carreira como cantora e é o único membro ouvinte de sua indisciplinada família.
Entre interpretar a linguagem para seus pais (Marlee Matlin e Troy Kotsur) e ajudar a administrar o barco de pesca da família com seu pai e irmão mais velho (Daniel Durant), todas as manhãs antes da escola, Ruby está sempre exausta para qualquer outra atividade. Desde a infância, ela tem sido a ponte entre sua família e o mundo da audição; agora, seu desejo recém-despertado de cantar, talvez seja a coisa que eles mais lutam para entender.
Permeado por um enredo previsível – que inclui a paixão por um colega, Miles (Ferdia Walsh-Peelo), um professor de música exigente (Eugenio Derbez) e uma audição de canto cheia de expectativas – “CODA” aproveita a oportunidade para mostrar a expressividade da linguagem de sinais – o filme é amplamente legendado. Os atores trabalham em perfeita coesão e se algumas interações se movem para as batidas clichês de uma comédia, os esforços de Ruby para compartilhar seu talento musical (principalmente em uma cena maravilhosa com seu pai) são notavelmente comoventes.
Mais de uma vez, Heder inverte o ponto de vista do filme para o de seus personagens surdos. Em um show da escola, a câmera observa a família de Ruby na plateia enquanto a trilha sonora é cortada abruptamente, permitindo-nos vislumbrar o isolamento às vezes abrangente de um mundo silencioso. Em momentos como esse, quando o diálogo jocoso diminui e a história relaxa, vemos a proposta de um filme emocionante, que prefere surpreender seus espectadores do que alimentá-los com uma fórmula que eles esperam.
Adorei!
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1 comentário
Eu assisti o filme francês, achei maravilhoso. Ficou marcado, nunca esqueci. Vou conferir essa versão.