As garrafas PET, feitas de material chamado polietileno tereftalato, são polímeros. Os polímeros existem na natureza (são os naturais, tais como borracha, proteínas, fibroína presente no fio da seda da teia das aranhas); outros, artificiais, foram sintetizados pelo homem com interesse comercial.
Os polímeros, utilizados na forma de fibras para tecelagem e de embalagens de bebida, foram patenteados em 1941.
O PET é um dos polímeros mais resistentes disponíveis para a fabricação de embalagens, porque apresenta resistência ao desgaste e à corrosão, forma barreira contra gases e odores e possui alta resistência. Por isso, passou a ser utilizado como garrafas de embalagem de água mineral, refrigerantes, suco, óleo comestível, produtos farmacêuticos, cosméticos e outros produtos.
As garrafas produzidas com esse polímero podem permanecer na natureza por até 800 anos, o que o torna um vilão da Natureza. Se Pedro Álvares Cabral tivesse jogado uma garrafa de PET na Bahia quando chegou às costas brasileiras (se existisse o PET, claro), a garrafa ainda estaria no mesmo lugar e somente irá decompor-se por volta do ano 2300.
Daí a importância de o PET ser reciclado. O PET pode ser reprocessado diversas vezes; aquecido a temperaturas adequadas, esse plástico amolece, funde e pode ser novamente moldado.
A reciclagem do PET reduz o volume de lixo, economiza petróleo, do qual é derivado, economiza energia que seria utilizada para produção de novo plástico, reduz o preço de embalagens de plástico e gera renda e empregos. O PET não pode ser usado como adubo, porque não se degrada.
Existem usinas de reciclagem, e a coleta de plástico assegura renda para muitas famílias.
A pandemia aumentou o consumo de PET nos lares, o que puxou o aumento da venda de embalagens plásticas. Com isso, a resina plástica PET reciclada teve o preço aumentado, atingiu patamares recordes e chegou até a superar o preço da resina virgem. O aumento da demanda, a valorização do dólar e o aumento do preço do petróleo, de que a resina é derivada, explicam o aumento do preço da PET. O preço subiu de R$400 o milheiro da embalagem preforma (antes de ganhar o formato de garrafa) para R$800.
A resina reciclada valia 70% do preço da virgem e passou a 20% mais cara. O quilo de PET coletado chegou a R$4,00 o quilo. O motivo é que a coleta de PET para reciclar ainda é pequena.
A Pepsi-Cola projeta que 100% de suas embalagens PET sejam recicláveis ou biodegradáveis até 2025. A Coca-Cola afirma ter 99,4% de suas embalagens recicláveis, com meta de chegar a 100%. A Nestlé tem 95% das embalagens no país recicladas ou reutilizadas. No caso de embalagens da linha de iogurtes, 100% são recicladas.
A reciclagem de PETs movimenta cerca de R3,5 bilhões de reais por ano e tem potencial para aumentar, mas há necessidade de aumentar o volume de coleta.
O Brasil tem capacidade de produzir 1 milhão de toneladas de resina virgem, bem acima das 685 mil toneladas de consumo interno em 2021, segundo estimativas. A capacidade para reciclar é bem menor, de apenas 460 mil toneladas.
Em 2019, 311 mil toneladas de PET foram recicladas, sendo que 23% do total se transformaram em novas embalagens.
Pode não parecer, mas aí está um negócio que movimenta muito dinheiro. Ainda há espaço para coletar mais e reciclar mais garrafas e embalagens PET.