No mundo dos negócios e até mesmo na vida cotidiana, quem tem presença de espírito costuma sair-se bem diante de situação desconfortável. As pessoas, com esse dom, transformam o constrangimento ou a dificuldade em comentários inteligentes, por vezes com boa dose de humor. Caso você aprecie essas tiradas, acompanhe os ‘causos’ que publicaremos neste espaço, todos extraídos de livros, revistas ou do folclore popular. E, se quiser compartilhar algum ‘causo’, envie-o para nós que o publicaremos.
MÁS COMPANHIAS
No governo Geisel, o mineiro Magalhães Pinto presidiu o Senado (Fev 1975 – Fev 1977) e, no mesmo período, o carioca Célio Borja presidiu a Câmara dos Deputados. Magalhães Pinto era dono do então poderoso Banco Nacional e, num encontro com Célio Borja, disse-lhe:
– Célio, não é possível que os deputados e senadores ganhem tão pouco. Eu tenho ajudado muitos parlamentares por meio de empréstimos feitos pelo meu Banco. Há muitos parlamentares dependurados com empréstimos feitos pelo Banco Nacional. Marquei uma audiência com o presidente Geisel para tratarmos deste assunto e é bom que você, presidente da Câmara, me acompanhe. Jutos, teremos mais força. Célio Borja concordou.
Só que Geisel ficou sabendo de antemão o objetivo da audiência que lhe fora pedida, qual seja o de pedir aumento para os deputados e senadores. Os dois chegaram ao gabinete do presidente e, antes que pudessem abrir a boca, Geisel, com o rosto vermelho e em tom de voz alto, os advertiu:
– Não quero nem ouvir vocês caso tenham vindo falar de aumento de salário. Muito menos se for para falar de aumento de salário de parlamentares.
Aumentando o tom de voz, disse ainda:
– Não haverá aumento e ficarei muito bravo caso vocês falem no assunto.
Magalhães Pinto, muito esperto, seguiu-se com esta saída magistral:
– Presidente, eu não vim tratar de nada. Só estou acompanhando o Célio Borja.
Largou a bomba na mão de Célio Borja.