Surgiu novo termo: feminejo, mistura de mulher com sertanejo, em razão da projeção das mulheres na música sertaneja. E elas falam das mesmas coisas que os homens falam: amores, traições, sofrência, bebedeira, bar, mesa de bar, superação.
Não são as mulheres que sonham com o príncipe encantado ou se matam por eles, como Julieta. São aquelas que vivem o sentimento, que sofrem no dia a dia, que têm reações semelhantes às dos homens. O feminejo é outra demonstração da equiparação da mulher com o homem.
Começou com Roberta Miranda. Depois, Marília Mendonça, Maiara e Maraisa, Simone e Simaria, Naiara Azevedo e tantas outras. O sentimento do público com o lamentável acidente com Marília Azevedo, Rainha da Sofrência, bem demonstra como as mulheres ocuparam o espaço na música sertaneja e no coração das pessoas.
Marília Mendonça começou compondo músicas que eram cantadas pelos homens. Depois, ela mesma passou a cantar. Foi ganhando espaço e abrindo espaço para outras mulheres. Não foi planejado. Ocorreu naturalmente. Antes, casos isolados. Hoje, comum.
O público dos shows de música sertaneja era predominantemente feminino. Natural que se começasse a cantar para elas.
Maiara e Maraisa, gêmeas, cantavam juntas desde 2004, mas o sucesso veio depois que mudaram para o sertanejo em 2015.
Um marco na projeção feminina foi a música “Coitado”, composta pela cantora sertaneja Naiara Azevedo, em resposta ao funk “Sou foda”, do grupo “Os avassaladores”. Ela colocou a mulher como protagonista empoderada, que desdenha do homem que se acha o rei da cocada. O funk trata a mulher como um ser que podia ser usada e descartada, o que despertou a inspiração de Naiara Azevedo para compor “Coitado”, que fez muito sucesso no YouTube
Simone e Simaria tinham a função de backing vocal (voz mais suave e em plano de fundo; vocal de apoio, coristas, coro de fundo).
Em 2016, Marília Mendonça, que compunha música para outros cantores, lançou o primeiro álbum, encabeçado pela música “Infiel”, que atingiu o topo das paradas. Shows lotados, recordes, prêmios, destaques.
A música sertaneja feminina mostra as mulheres reais, que amam, que bebem, que dançam e se divertem.
As portas se abriram para as mulheres também na música sertaneja, antes reduto masculino. Ou melhor, as mulheres abriram as portas da música sertaneja para que, também nesse ramo, elas se destaquem.