Por Fernando Assanti
Estamos vivendo um momento de caos em todo o mundo. No Brasil, especialmente, a pandemia do coronavírus vem deixando sequelas históricas, com centenas de milhares de mortes que vêm sendo impulsionadas pela negação às evidências científicas e pela falta de uma união política nacional na gestão deste triste momento para a nação.
Se está evidente o caos na saúde, há ainda uma outra mazela social que vem assolando o país e que nem sempre fica clara para a maioria da população: o aumento da desigualdade social. Com a redução de renda e de consumo das famílias, com o aumento do desemprego e dos custos da cesta básica, o Brasil vem vivendo um aumento vertiginoso do abismo social entre ricos e pobres.
Segundo dados do CadÚnico do Governo Federal, em outubro de 2020 o Brasil tinha mais de 14 milhões de famílias em situação de extrema pobreza. Isso significa que quase 40 milhões de brasileiros sobrevivem com renda mensal menor que R$ 89 por mês. Isso acontece hoje, no momento em que você lê este texto, no país em que você mora.
Não há dúvidas de que as mazelas desta pandemia ainda ficarão entre nós mesmo após a eliminação da circulação do vírus – que, tenhamos fé, virá com a vacinação em massa. Passada a fase de contenção da doença, teremos que unir o Brasil em uma grande ação de combate à desigualdade, à pobreza extrema e ao desemprego.
Para isso, é preciso que todos nós estejamos atentos à realidade e conscientes de que um país bom para se viver não pode deixar as pessoas mais pobres para trás. Nós já fomos uma nação que caminhava para inclusão das pessoas e a ascensão para a classe média. Podemos voltar a sê-lo se todos estivermos imbuídos da nossa responsabilidade cidadã.
Líderes de empresas, de instituições públicas e de organizações do terceiro setor terão que se unir para adesão de uma agenda ampla, que garanta que o Brasil avance rapidamente no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU, que foram pactuados com o mundo e que preveem, entre suas metas, que sejamos um país economicamente forte, ambientalmente correto e socialmente justo.
As mulheres sempre tiveram protagonismo nos movimentos de mudanças sociais no Brasil. Desde a redemocratização, são as mulheres que pressionam as principais mudanças que têm relação com os direitos humanos. Com a vida orientada para o cuidado ao outro, vamos precisar cada vez mais da força feminina na transformação que devemos buscar para o país.
Promover ações de impacto social positivo nunca foi tão fundamental como agora. Não podemos ficar bem enquanto há pessoas no nosso chão passando fome. Somente juntos vamos conseguir mudar os rumos sociais atuais. Por isso, mais que um artigo, este é um chamado. Vamos juntos?
Fernando Assanti é Diretor Executivo da Acibalc, Presidente do Lions Clube Camboriú e Presidente do Instituto Selo Social.