Para começarmos a nossa conversa é importante esclarecer alguns conceitos que estão por todos os lados, então pergunto: você é Geração X, Y ou Z? Isso importa no contexto, porque a Geração X nasceu e entrou na vida adulta sob a ótica da tecnologia analógica, já a Geração Y (a qual me insiro) nasceu analógica e cresceu no meio da tempestade tecnológica, sendo obrigada a acompanhar de perto ou rapidamente ficaria para trás. Enquanto isso, a Geração Z e os Millenials já nasceram completamente inseridos no mundo da internet. Sendo assim, faço outro questionamento: qual a visão que cada um tem do mundo?[1]
E mais: o que isso tem a ver com a tal ‘revolução’ mencionada no título desta coluna? Será que a mera diferença de gerações e suas respectivas visões faz com que cada um tenha uma compreensão diferente do que nos cerca?
Já estávamos todos conectados[2]
Em uma sala de aulas, hoje, todos os alunos estão conectados por mais de um dispositivo, como smartphone e smartwatch, por exemplo. Cadernos foram substituídos por notebooks ou tablets; os livros físicos por digitais; a Biblioteca por serviços de busca como Google; enciclopédias pela Wikipédia. Nesta última década os celulares ganharam a tela touch e, com isso, avançaram para um formato de smartphones. Nesta mesma sala de aulas há mais câmeras fotográficas que alunos, considerando que há câmeras embutidas em cada celular, tablet e notebook.
Os autores Brynjolfsson e McAfee alegam que “os computadores e outros avanços digitais estão fazendo para nosso poder mental (…) o que o motor à vapor fez para nosso poder físico”[3] há 250 anos. Quer dizer, considera-se como a Primeira Era das Máquinas a implementação da máquina à vapor, quando ocorreu a Revolução Industrial. Naquele momento as relações e a estruturação da sociedade rapidamente se modificaram, ocorrendo uma explosão demográfica no Planeta. Foram superadas as limitações naturais existentes em nosso poder físico e dos animais, gerando uma massiva quantidade nova de energia e poder – ao substituir pelas máquinas.
O ato de consequência desse excesso de poder resultante da nova tecnologia foi a da grande produção de alimentos e novos itens, aumento do comércio, novas relações interpessoais, de negócios e trabalhistas, entre vários outros.
O que se analisa no momento atual, a fim de se determinar como sendo a Segunda Era das Máquinas, diz respeito a maturidade de toda a tecnologia acumulada até este ponto em que estamos, uma vez que estamos nos permitindo substituir exercícios mentais nas mãos das máquinas. Estamos ultrapassando as nossas limitações (agora mentais) de tal maneira com vistas ao próximo nível de sociedade.
Isso tem um impacto enorme sob o ponto de vista econômico, social, de emprego e riqueza. Sendo a maior transformação econômica desde a Revolução Industrial[4].
Essa transformação faz ainda mais sentido quando inserimos a Internet das Coisas nessa matemática de tempos atuais, em conexão com as diferenças de visões das gerações; a evolução do processamento de dados, da Inteligência Artificial e como isso tudo vem influenciando a vida cotidiana.
A Pandemia acelerou tudo
Pensem comigo: não bastasse essa revolução que já estava em curso, surgiu a Covid-19 e nos obrigou a, mais uma vez, nos readequarmos e readaptarmos como questão de sobrevivência.
A nossa resposta foi ‘subir a barra’ uma vez mais e trazer pra dentro da Sociedade 4.0 todos aqueles que ainda iriam levar alguns anos para se adaptarem.
Em recente nota da empresa McKinsey & Company[5] referente à Covid-19, em uma perspectiva de análise de riscos, afirmou-se da necessidade de adoção de novos modelos de negócios híbridos, onde serão diferenciais as performances em novas habilidades, como social, emocional e habilidades cognitivas avançadas.
Em outras palavras, mais do que nunca precisamos estar conectados e atentos aos movimentos do mercado, mas não apenas seguindo o desenvolvimento tecnológico. Precisamos retornar ao que nos diferencia de outros animais, em nossas soft skills, revendo como interagimos uns com os outros.
O grande desafio para atendermos a essa demanda é que ainda nos encontramos em meio a uma guerra, com muito sofrimento pessoal e perdas. Nesse contexto, a compreensão, a paciência e a empatia se tornam particularmente necessários.
[1] GUABIROBA, Juliane da Silva; e outros; Ambiente de Trabalho x Gerações Tecnológicas: Desafios Empresariais Contemporâneos no Brasil. Revista Valore, Volta Redonda, 5, e-5043, 2020.
[2] Nota do autor: A frase no passado é tendo como marco comparativo a pandemia da COVID-19. Já estávamos conectados ainda antes, e a pandemia acelerou ainda mais esta revolução que estamos passando.
[3] “Computers and other digital advances are doing for mental power—the ability to use our brains to understand and shape our environments—what the steam engine and its descendants did for muscle power.” In: BRYNJOLFSSON, Erik; MCAFEE, Andrew; The Second Machine Age: Work, Progress, and Prosperity in a Time of Brilliant Technologies. New York: W. W. Norton & Company, 2015, p. 13. (Tradução livre do autor)
[4] “A invenção de máquinas para fazer o trabalho do homem era uma história antiga, muito antiga. Mas com a associação da máquina a força do vapor ocorreu uma modificação importante no método de produção. O aparecimento da máquina movida a vapor foi o nascimento do sistema fabril em grande escala. Era possível ter fábricas sem máquinas, mas não era possível ter máquinas à vapor sem fábricas”. In: HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Editora Zahak: New York, 1936. p. 185.
[5] McKinsey Global Publishing; COVID-19: Briefing note #66, August 4, 2021. Site: <https://www.mckinsey.com/business-functions/risk-and-resilience/our-insights/covid-19-implications-for-business>
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