Expressões populares têm origem nos costumes e na história. Interessante conhecer sua origem.
A expressão “só para inglês ver”
Significado da expressão
A expressão refere-se a uma ação, lei ou regra criada apenas para parecer que algo está sendo feito, sem intenção de aplicá-la de fato ou de promover mudança real. A ação, apenas de fachada e de aparência, tem o objetivo de agradar à opinião pública ou a observador externo, de dar satisfação para mostrar que providências estão sendo tomadas.
Governos demagógicos criam projetos que parecem vistosos e eficazes para quem os observa de fora. Na prática, são vazios, superficiais, inexequíveis ou superficiais. Medidas apenas de aparência que não serão cumpridas na prática.
Origem da expressão
Um pouco de História para entender sua origem.
No início dos anos 1800, a Inglaterra, a grande potência mundial, tinha a maior marinha mercante do mundo. Durante cerca de 200 anos, monopolizou o tráfico de escravos africanos.
Em 1807, a Inglaterra adotou postura inversa, proibiu o tráfico de escravos e passou a liderar movimentos antiescravistas no mundo. Há explicações para tal mudança: motivos humanitários, econômicos ou ambos.
A Inglaterra levava espelhos e bugigangas para os africanos em troca de minerais valiosos. Assim, cada africano que era levado do continente representava um cliente a menos para comprar suas bugigangas e um concorrente a mais, pois iria trabalhar em outros países. Assim, além de abolir a escravidão em seus territórios, iniciou intensa campanha contra a escravidão no mundo.
O Reino Unido aboliu definitivamente a escravidão em seus territórios a partir de 1833, Antes disso, havia iniciado a campanha contra escravidão nos demais países, usando seu poderio militar e a supremacia marítima que tinha. Em 1826, o Reino Unido obrigou o Brasil, que se tornara independente em 1822, a firmar tratado de abolição do tráfico em três anos. O tratado não foi cumprido.

Em 1831, o governo brasileiro promulgou leis, como a Lei Feijó, que proibiam o tráfico de escravos. Essas leis não foram fiscalizadas e nem cumpridas. O Brasil não tinha a intenção de abolir o trabalho escravo, que era a base de sua economia.
A Lei Feijó e outras foram mera formalidade para atender as exigências inglesas, para dar satisfação aos ingleses. O nome “Lei Feijó” aludia-se ao então ministro da Justiça Padre Diogo Antônio Feijó.
As autoridades simulavam fiscalizar os barcos quando a marinha inglesa se aproximava ou deixava ancorados no porto do Rio de Janeiro navios de fiscalização que não eram lançados ao mar. Mera encenação “para inglês ver”.
O tráfico transatlântico de escravos encerrou-se definitivamente em 1850, em virtude da Lei Eusébio de Queiroz.
Ainda hoje
A expressão “para inglês ver”, que tem mais de 200 anos, ainda é utilizada atualmente com o mesmo significado.
O desrespeito pelas leis é antigo no Brasil. Além das leis “para inglês ver” ainda há aquelas que pegam e que não pegam.
O resultado é o cipoal de leis inúteis e a desorganização do país.