O PORTALIMULHER publicou entrevista com Maria Eugenia Coelho da Gama Cerqueira, 76 anos, atleta, maratonista em atividade, ultramaratonista, mãe, empresária, advogada e, como disse o artigo, “um ponto fora da curva”.
Veja a entrevista em https://portalimulher.com.br/maria-eugenia-um-ponto-fora-da-curva/.
Domingo passado, 11 de junho, Maria Eugenia completou a Maratona do Rio de Janeiro (42,195 Km) em 5 horas e 41 minutos. O PORTALIMULHER traz nova entrevista com Maria Eugenia, na qual ela conta a experiência de haver completado a maratona.
PORTALIMULHER: De quantas maratonas você participou em sua vida?
MARIA EUGENIA: Já perdi a conta… mais de cem, com certeza… fora as ultramaratonas (qualquer corrida com quilometragem acima de 42, 195 km é chamada de ultra) . Segundo minha filha, médica, um descontrole total! Lembro que comecei a correr depois dos 50 anos de idade.
PORTALIMULHER: O que levou você a inscrever-se na Maratona do Rio?
MARIA EUGENIA: O Rio de Janeiro é minha terra natal e, modéstia à parte, a Maratona do Rio é a mais bonita do Brasil. Alguns anos atrás, ainda era mais bonita, pois começava no Pontal do Recreio dos Bandeirantes e percorria todas as praias até chegar no Flamengo. Desde que caiu a ciclovia, os organizadores mudaram o percurso mas, ainda assim, é linda.
PORTALIMULHER: Como foi sua preparação?
MARIA EUGENIA: Sigo fielmente o que meu treinador, Vanderlei Severiano, prescreve em planilhas mensais – nosso grupo chama-se Branca Esportes e é conhecido no meio de corrida como um dos mais importantes no quesito de preparo de atletas para grandes desafios. Foi ele o “responsável” por eu ter corrido, com êxito, depois dos sessenta anos, quatro vezes a Comrades Marathon, na África do Sul, que atravessa cinco grandes montanhas e tem 90 km de extensão, com tempo limite bruto de 12 horas. É um profissional que sabe o que faz e até onde pode levar cada aluno.
PORTALIMULHER: Como é estar na linha de largada, sabendo o que te espera pela frente? Que se passa na sua cabeça?
MARIA EUGENIA: Apesar de todos os desafios que enfrentei (comecei a correr muito tarde, depois dos 50 anos), a véspera de uma prova destas é extremamente estressante: borboletas no estômago, não consigo dormir, um terror. Ressoa a pergunta “como estarei amanhã? Será que não vou ‘quebrar’”?
PORTALIMULHER: Que se passa na sua cabeça durante a corrida e o esforço que você está fazendo?
MARIA EUGENIA: Vou pensando sempre “adiante”, tipo… agora só faltam quarenta, pois já corri dois… e assim por diante. Ridículo? Talvez, mas funciona. Vejo um prédio lá na frente e negocio comigo mesma: “vou correr até lá…” e assim de prédio em prédio, de km em km, a gente chega ao objetivo.
PORTALIMULHER: O Vôlei é esporte coletivo, no qual uma jogadora apoia a outra. A corrida é individual, você com você mesma. Como você se incentiva e se apoia?
MARIA EUGENIA: Hoje em dia, vou pensando que há poucas velhas doidas no mundo e que preciso mostrar para as mais novas o que nós, dinossauros, conseguimos fazer… Também “marco” corredores à minha frente e vou me desafiando para ultrapassá-los. Desta vez, um cara bem grande corria com uma camiseta que tinha nas costas a imagem de São Jorge, com dragão e tudo. Como tenho um carinho especial por São Jorge, fui “conversando” com ele e pedindo ajuda!
PORTALIMULHER: Você fez o trajeto de 42,195 Km da maratona em 5 horas e 41 minutos. Esforço hercúleo de correr durante 5 horas.
MARIA EUGENIA: Já fiz maratonas em 4 horas e vinte e nove minutos, mas a idade cobra e impõe maior tempo: ou a gente se conforma em ser mais lenta ou desiste de correr. Você conhece algum jogador de futebol em campo depois de 40 anos? É a velhice… Quanto ao tempo total, já fiz muitas ultramaratonas de 24 horas com êxito e sou ainda capaz de aguentar 24 horas me movimentando – não correndo, mas alternando andar/correr, sem problema. Tudo é treino.
PORTALIMULHER: Quais as dificuldades que enfrentou?
MARIA EUGENIA: Desta vez enfrentei câimbras nas batatas das pernas – o que nunca tinha me ocorrido antes. Eu já sabia que quando isto acontece, o certo é não parar; o certo é caminhar rápido até a dor melhorar. Assim, ela desiste da gente…
PORTALIMULHER: Como superou as câimbras?
MARIA EUGENIA: Eu comecei a contar meus passos: 100 passos caminhando, 100 passos correndo… foi no final do Arpoador, logo que entrei em Copacabana. De repente, comecei a me atrapalhar na contagem e, a esta altura, a câimbra tinha passado.
PORTALIMULHER: Quais as facilidades que encontrou na maratona?
MARIA EUGENIA: A infraestrutura desta prova é muito boa: água à vontade, Gatorade, frutas, gel e, o principal, muita gente incentivando os corredores – isto é fundamental!
PORTALIMULHER: Descreva, se possível, a emoção da chegada.
MARIA EUGENIA: Faltavam uns 5 km para a chegada e resolvi ligar o Spotify do meu celular, para um gás extra. Foi então que o Louis Armstrong começou a cantar “It is a beautiful world”… Tive que segurar o choro, reunir os meus “pedaços” e ter orgulho de mim mesma: mais uma para sua conta, Maria Eugenia!
6 Comentários
Embora com muito medo de que aconteça alguma coisa de ruim à minha amiga de infância e comadre, reconheço que o que ela realiza é excepcional e difícil de ser igualado.
UAAAAAAAU!!!!
QUE ADMIRAÇÃO POR ESSA MULHER!
CARAMBA! PARABÉNS E NENHUM COMENTÁRIO…
VOU BRIGAR COMIGO DAQUI A POUCO!
PREGUIÇOSA…
Que linda ! 😍😍 Exemplo pra todas nós…
Acompanho a trajetória vitóriasa da Maria Eugenia há mais de meio século. A busca incansável por superar desafios é o combustível das suas conquistas. Parabéns amiga!.
Há mais de meio século de amizade, coleciono as notícias das gloriosas conquistas da Maria Eugenia. Parabéns!
Meus cumprimentos Maria Efigênia! O “pensar adiante…” é muito importante e realmente funciona, eu aplico constantemente em minhas atividades….