O Prêmio Nobel de Literatura é concedido anualmente desde 1901 a um autor de qualquer país que, nas palavras da vontade do industrial sueco Alfred Nobel, produziu “no campo da literatura o trabalho mais notável em uma direção ideal”. O primeiro escritor laureado foi o francês Sully Prudhomme e a primeira mulher a receber a premiação foi a sueca Selma Lagerlöf em 1909.
A escolha é feita pela Academia Sueca que avalia as contribuições literárias ao longo da vida do autor, incluindo suas obras publicadas e seu impacto na literatura mundial.
O Prêmio Nobel de Literatura de 2023 foi concedido ontem, 05/10, ao norueguês Jon Fosse.
A seguir, tome nota de alguns livros e saiba mais sobre cinco autoras laureadas com o Nobel de Literatura. Aproveite!
1- O Lugar, Annie Ernaux [1983, no Brasil em 2021]
A escritora francesa Annie Ernaux venceu o Nobel de Literatura 2022 “pela coragem e acuidade clínica com a qual ela revela as raízes, os estranhamentos e as limitações da memória pessoal.”
Em entrevista à Folha (2021), a autora disse que O Lugar é a obra pelo qual o leitor deve começar a lê-la, já que, segundo ela, determina sua forma de escrita. Nesta autobiografia única, Ernaux explora a vida de seu pai para analisar minuciosamente as dinâmicas familiares e sociais. O resultado é uma obra moderna, profundamente humanista e original, que já se estabeleceu como um clássico.
2 – The Wild Iris, Louise Glück [1992]
O Prêmio Nobel de Literatura 2020 é concedido à poetisa americana Louise Glück “por sua inconfundível voz poética que, com austera beleza, torna universal a existência individual.”
A poetisa americana Louise Glück foi agraciada com o Nobel de Literatura no ano de 2020. Recebeu vários prêmios literários importantes ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio Pulitzer de Poesia em 1993 por seu livro The Wild Iris.
O livro é organizado em uma série de poemas que dão voz às flores, a Deus e ao próprio poeta humano. Quem se atreveria a se expressar como uma flor, do ponto de vista de uma flor, sem cair em sentimentalismo? Ou se atrever a falar em nome de Deus? Glück fez isso e a perspectiva nos surpreende a cada poema. Sua poesia desafia nossa visão sobre o mundo.
3 – A guerra não tem rosto de mulher, Svetlana Alexievitch [1985, no Brasil em 2016]
Svetlana Alexievitch recebeu o Nobel de Literatura de 2015 “pela sua escrita polifônica, monumento ao sofrimento e a coragem na nossa época”.
A jornalista bielo-russa Svetlana Alexijevich trabalhou na década de 1970 na editoria de cartas à redação do “Selskaya Gazeta”, o jornal das fazendas coletivas soviéticas. Passou parte da carreira se dedicando a escrever narrativas de entrevistas com testemunhas de acontecimentos dramáticos no país, como a Segunda Guerra Mundial, a queda da União Soviética e do desastre do Chernobyl.
A guerra não tem rosto de mulher foi inspirado em depoimentos de mulheres que lutaram durante a Segunda Guerra Mundial, gravados pela própria autora.
“Tudo o que sabíamos da guerra foi contado pelos homens. Por quê as mulheres que suportaram este mundo absolutamente masculino não defenderam sua história, suas palavras e seus sentimentos?”
Após a publicação, a obra foi acusada de “romper a imagem heroica da mulher soviética” e seu livro teve que esperar pela Perestroika, a reforma do sistema aplicada por Mikhail Gorbachev, para ser publicado em 1985. Por conta do material, ela alcançou fama em toda a União Soviética e no exterior.
4 – Beethoven era 1/16 negro, Nadine Gordimer [2009]
Nadine Gordimer recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1991 pelo conjunto da obra e por trazer “através de sua escrita épica, grandes benefícios para a humanidade”.
A sul-africana Nadine Gordimer (1923-2014) é autora de mais de 30 livros, na sua maioria crônicas sobre a deterioração social que afetou a África do Sul durante o regime do apartheid. Dedicou-se a dramatizar as difíceis escolhas morais surgidas numa sociedade marcada pela segregação racial. Gordimer foi uma das mais importantes vozes contra o apartheid na África do Sul e a maior parte de sua obra foi focada na situação social do país durante esse período.
Em Beethoven Era 1/16 Negro, a autora nos presenteia com 11 contos que exploram temas como amizade, amor, morte e traição. O título do livro é derivado de uma frase dita por um personagem da história, locutor de rádio branco na África do Sul, que preocupado com a possibilidade de ser acusado de racismo, tenta justificar a inclusão da música de Beethoven na programação. Nadine Gordimer transita com humor entre o realismo e o fantástico em textos curtos e atuais.
5 – Desejo, Elfriede Jelinek [1983, no Brasil em 2013]
Elfriede Jelinek recebeu o Nobel de Literatura de 2004 por “seu fluxo musical de vozes e contravozes em romances e peças de teatro que, com cuidado linguístico extraordinário, revelam o absurdo que são os clichês sociais e seu poder de subjugar”.
A austríaca Elfriede Jelinek (nascida em 1946) é conhecida por sua prosa intensa e seu estilo literário desafiador, que muitas vezes confronta questões de gênero, sexualidade e poder.
Desejo é uma das obras mais notáveis da autora e ganhou reconhecimento internacional, além de ter sido adaptado para o cinema em um filme dirigido por Michael Haneke, A professora de piano, lançado em 2001, que também explorou as complexidades do romance de forma provocativa.
A história gira em torno de Erika Kohut, uma pianista de classe média que vive com sua mãe em Viena. Erika é uma mulher emocionalmente reprimida e sexualmente perturbada. Ela se envolve em um relacionamento complicado e abusivo com um de seus alunos, Walter Klemmer, um jovem estudante que aspira a se tornar pianista.
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Mulheres laureadas com o Prêmio Nobel de Literatura:
1909 – Selma Lagerlöf (Suécia)
1926 – Grazia Deledda (Itália)
1928 – Sigrid Undset (Noruega)
1938 – Pearl S. Buck (Estados Unidos)
1945 – Gabriela Mistral (Chile)
1966 – Nelly Sachs (Suécia)
1991 – Nadine Gordimer (África do Sul)
1993 – Toni Morrison (Estados Unidos)
1996 – Wisława Szymborska (Polônia)
2004 – Elfriede Jelinek (Áustria)
2007 – Doris Lessing (Reino Unido)
2009 – Herta Müller (Alemanha)
2013 – Alice Munro (Canadá)
2015 – Svetlana Alexievich (Bielorrússia)
2018 – Olga Tokarczuk (Polônia)
2020 – Louise Glück (Estados Unidos)
2022 – Annie Ernaux (França)