A coluna não abordará compositores ou gêneros musicais; em 7 notas, tratará da música como arte e ciência que reúne sons e silêncios de modo agradável aos ouvidos.
1 – DEFINIÇÃO DE MÚSICA
Não há definição precisa de música que consiga abranger todas as suas nuances e variações. Uma das definições mais simples e aceitas é que a música é a “combinação de sons e de silêncios em sequência que se desenvolve ao longo de certo tempo e que seja agradável aos ouvidos”.

A dificuldade de definição precisa da música reside nas variações das características do som: altura, duração, intensidade, timbre, ritmo e harmonia. Mesmo tendo ritmo e harmonia, músicas podem conter arritmias ou harmonias ruidosas.
2 – ORIGEM DA MÚSICA
Não existem dados sobre os pais da música e nem sobre o local onde ela tenha surgido.
Existem vestígios de flauta de osso datada aproximadamente de 60.000 anos a.C. Indícios, portanto, de que o homem pré-histórico tentou produzir “música”, ainda que de forma rudimentar; apenas uma sequência de sons agradáveis aos ouvidos.

O mais provável é que a música surgiu quando o ser humano começou a observar os sons da Natureza e a tentar copiá-los e organizá-los.
Assim, a história da música está associada ao desenvolvimento da inteligência e da cultura humanas.
3 – TALENTO MUSICAL
A música é inata, o dom musical nasce com a pessoa. Claro que pode ser aprimorado.
O talento musical revela-se mais cedo que todos os demais talentos e não precisa de alimentos exteriores. O escritor se torna escritor depois de aprender a ler e escrever. Verdade que o pintor nasce com o talento, mas seu talento não se revela tão cedo quanto o do músico. Mozart começou a compor aos 5 anos de idade.
Em minha opinião de pessoa espiritualizada, a música é divina e provém das esferas maiores da espiritualidade. Clara Campoamor (1888 – 1972), escritora, advogada, intelectual e política espanhola, afirmou que “a música é a voz do Infinito”.
4 – ENCANTOS DA MÚSICA
Há encantos na música que nenhum método ensina. Não se ensina a gostar de música e nem a apreciar música. Instintivamente gostamos de música. Desconheço alguém que não goste de música.
Pode-se ensinar a cantar, a tocar instrumentos, a compor ou a reger. Não se ensina a apreciar música. Pode-se até ensinar a apreciar e entender os clássicos ou algum gênero musical.
Não tem como contar, nem desenhar, nem modelar, nem explicar e nem como descrever música. A música existe por ela mesma. A essência da música é a própria música.
Não há registro de um povo ao longo da história da humanidade que não tenha tido suas músicas ou sons próprios que definiam como suas músicas.
5 – MESTRES E TALENTOS
Apesar de não haver como desenhar nem modelar músicas, a música somente pode ser alcançada pelas mãos dos mestres que têm talento.

Os talentos não se preocupam em definir ou explicar a música; eles simplesmente dão vazão à inspiração que lhes chega na alma. Mozart declarou que “Não sei como componho as minhas músicas. Os pensamentos me acodem à mente com a particularidade de não precisar esforçar-me para harmonizar as notas nem pensar no resultado que darão; ouço no meu espírito a frase completa e o único cuidado é colocar no pentagrama (cinco linhas) o que acabo de acudir ao ouvido de minha alma”.
6 – PRESENÇA DA MÚSICA
A música extrapolou o campo da arte e participa de diferentes eventos: em solenidades militares, em rituais religiosos, em festividades, em funerais, como método educacional e até terapêutico (musicoterapia é a música utilizada como terapia para promover a saúde e o bem-estar de pessoas de quaisquer idades).

Individualmente, a música é companheira de todas as horas; faz-se presente na vida das pessoas em qualquer momento. Pode povoar solidão e espantar tristezas. Pode trazer alegria e despertar lembranças. Pode dar asas à imaginação e fazer sonhar.
Eloquente, a música perdura na lembrança mesmo depois que os instrumentos se calam.
Na Carta aos efésios (5, 19), São Paulo recomendou “entoai salmos, hinos e cânticos inspirados; cantai e celebrai o Senhor de todo o vosso coração”.
7 – ARTE DA MÚSICA
Atrevo-me a dizer que, de todas as artes, a música é a que se eleva mais alto e que mais consegue elevar o espírito humano. Talvez porque, acredito, ela provenha do Alto.