Esta crônica, descrição de amor, será apreciada pelos eternos namorados que amam e trazem em si o sentimento do amor.
A fila andava lentamente, mas o tempo não importava. Ninguém estava apressado.
O homem chegou diante do porteiro, Pedro, para prestar contas. Pedro perguntou-lhe de imediato:
– Praticaste o bem?
O homem respondeu:
– Acredito que sim, mas não na quantidade que deveria.
– Praticaste o mal?
– Sim, diz o homem. Algumas coisas incomodam-me a consciência.
Nova pergunta de Pedro:
– Amaste em vida?
– Sim, amei profundamente. Amor imorredouro.
Pedro gostou da resposta e continuou:
– Levaste alegria e momentos de felicidade à pessoa amada?
O homem respondeu confiante:
– Sim; penso que levei momentos de apoio, alegria e felicidade à pessoa amada, Apesar das imperfeições do sentimento humano, espero ter-lhe oferecido amor desinteressadamente. Ela também me trouxe a mim os maiores sentimentos de sensibilidade, ternura e paz.
– Como sabes que teu amor te proporcionou paz?, perguntou Pedro.
– Uma noite, sozinho em meu quarto, eu pensei sobre o que seria amar pura e desinteressadamente. Sem egoísmo. Amor de ser capaz de dar a vida pela pessoa amada; de oferecer sem nada exigir. Forte sentimento de paz invadiu-me o ser e eu senti-me levitar. Naquele momento, arcanjos de luz me visitaram e nitidamente se fizeram presentes a me confirmaram a pureza e a beleza do amor. Eu os senti junto de mim, embalando-me, levitando-me a confirmar a beleza do amor que eu sentia. Me lembro de um deles como que a sorrir para mim, apesar de não tê-los visto com nitidez. Contudo, guardo a lembrança do sorriso de aprovação e presença do arcanjo. Foi a maior sensação de paz que vivi em minha vida.
Pedro admirou-se:
– Tiveste a honra de receber a visita dos arcanjos do Senhor?
– Sim, Sr. Pedro, por conta da beleza de meu sentimento. Por conta do amor e daquela visita, tornei-me melhor. Senti-me mais próximo de Deus, Amor Supremo. Elevei meu espírito ao mais alto dos céus aonde meu espirito imperfeito poderia chegar. Qual sentimento, que não o amor, conseguiria tal efeito?
O homem continuou:
– Evoluí. Senti o espírito e o amor em meu espírito, porque senti que o amor estava muito além do corpo material. O amor me deu maior esperança na vida eterna, de modo que o amor nunca morresse. Sentimentos de tamanha grandiosidade e de tal energia não podem morrer. O amor me fez orar muitas vezes; Deus, verdadeiro amor, sempre esteve presente por conta do amor sentido.
Nova pergunta:
– Além de amar, que recompensa tiveste do amor em vida?
– Minha recompensa era vê-la e sabê-la bem, com sorriso no rosto e eu me satisfazia em ser causador do sorriso dela. A distância e o tempo, aspectos materiais, não foram empecilhos para o amor, porque aspectos materiais não influenciam o amor, essencialmente espiritual. Esta a maior lição que aprendi, que o amor está na alma. Concluí, então, que eu tinha alma eterna porque amei.
Enquanto falava, o homem notou emoção em Pedro, que conhecera o mais puro Amor, convivera com o Amor na Terra e fora discípulo do Amor.
Pedro percebeu que a descrição do amor era semelhante ao Amor que Cristo, seu Mestre, pregara e vivera.
– Continue, pediu ele ao homem, que disse:
– Este o Amor que vivi e vivo. O amor que senti por uma pessoa me ensinou que é possível amar, sentir amor e praticar o Bem. Eu consegui espalhar para outras pessoas parte do amor que senti por ela. O amor foi como uma árvore que deu frutos e quem se acercou da árvore saboreou os seus frutos e usufruiu de sua sombra. Eu a olhava com tamanha ternura e carinho que o olhar transmitia todo o meu sentimento. Você entende bem o que é transmitir amor pelo olhar, não é, Pedro?
Constrangido, Pedro abaixou a cabeça, lembrando-se do choro convulsivo que teve quando Cristo o olhou depois que Pedro o negara por três vezes. Seus olhos encheram-se de lágrimas.
O homem se desculpou:
– Desculpe-me, Pedro, por lembrá-lo de passagem difícil de sua vida.
O homem concluiu a prestação de contas:
– Por causa da pessoa amada e do Amor que senti por ela, minha vida não foi em vão. O amor preencheu e alimentou minha alma. Ele deu sentido a minha vida e a minha eternidade. Te peço, Pedro, leve-me a esperar por ela em sua chegada para que eu a acolha a fim de permanecermos juntos.
Pedro respondeu:
– Assim será, para que o amor de vocês possa ser vivido e compartilhado pelo Universo, porque o amor é energia benéfica para todos os seres, é exemplo para todos os espíritos, é forca que move a Vida e o Universo. Certamente, Deus abençoa e protege quem ama, porque o Amor Maior sempre abençoa o Amor.
Cláudio Duarte,
Colunista e colaborador do PortaliMulher.
1 comentário
Linda Crônica!
Tive a ventura de viver dois amores assim. A via tinha duas mãos. A reciprocidade se fazia presente. Hoje observo e aplaudo os que vivem a eternidade desse sentimento. Namorados a vida toda e para sempre.