Será que a moral é flexível e pode ser adaptada aos interesses de alguém e de acordo com conveniências do momento?
No mundo dos negócios e até mesmo na vida cotidiana, quem tem presença de espírito costuma sair-se bem diante de situação desconfortável e até transforma a dificuldade em comentários inteligentes, por vezes com boa dose de humor.
MORAL DUVIDOSA
No seu livro internacionalmente famoso, Geopolítica da fome, Josué de Castro conta o caso de Warren Hastings, que era administrador da Índia no tempo da dominação britânica.
Hastings foi governador-geral britânico na Índia de 1775 a 1785.
Em 1785, após 10 anos de serviço, Hastings renunciou e retornou à Inglaterra.
Ao retornar à Inglaterra, Hastings foi acusado e julgado na Câmara dos Comuns por crimes cometidos na Índia, notadamente peculato, extorsão e coerção, e até pela morte de Mahajara Nandakumar, cobrador de impostos condenado à morte por enforcamento.
Segundo o historiador Mithi Mukherjee, o julgamento de Hastings instituiu o debate entre duas visões de império britânico radicalmente opostas – uma baseada em ideias de poder e conquista em busca dos interesses nacionais exclusivos do colonizador a qualquer custo, e outra representada por Edmund Burke, seu acusador, de soberania baseada no reconhecimento dos direitos dos colonizados.
Hastings havia cometido abusos escandalosos como governador-geral.
Hastings conseguiu convencer o parlamento de sua inocência. O parlamento reconheceu que ele havia cometido crimes e que ele era criminoso, mas o absolveu sob a alegação de que “seus crimes haviam sido proveitosos para a Inglaterra”.
Faz lembrar certas agremiações que justificam o roubo alegando que roubam para o proveito da agremiação e não de seus integrantes. Ou que o roubo foi feito para beneficiar os pobres. Ou para ganhar dinheiro para tomar uma cerveja…