A bondade, a pureza e a sinceridade de Chico Xavier fizeram com que ele recuperasse a amizade perdida.
No mundo dos negócios e até mesmo na vida cotidiana, quem tem presença de espírito costuma sair-se bem diante de situação desconfortável e até transforma a dificuldade em comentários inteligentes, por vezes com boa dose de humor.
Se fosse católico, Chico Xavier (1910 – 2002) certamente seria consagrado santo. A bondade, a dedicação ao próximo, a simplicidade, a pregação religiosa e o exemplo de vida tornaram Chico Xavier exemplo de caridade e fé cristã. Sua humildade e sua simplicidade comoviam. Mas ele era também uma pessoa humana simpática, afável e cativante.
Chico Xavier também era meio avoado, distraído. Pode-se até imaginar que ele estava em contato com as entidades protetoras do Além.
Certa vez, conversando com um amigo, Chico distraiu-se, pôs-se a olhar para o céu, saiu de perto do amigo e deixou-o falando sozinho.
O interlocutor percebeu o que considerou descortesia e ficou magoado com a desatenção. Daquele dia em diante, não mais respondeu aos cumprimentos de Chico. Evidentemente, Chico Xavier percebeu a postura indiferente e descortês do ex-amigo.
Chico Xavier, que distribuía amor e praticava a caridade, não podia tolerar inimizade ou sentimento de raiva contra ele. Por isso, encheu-se de humildade e foi à casa do ex-amigo procurá-lo para se desculpar. Suplicaria o perdão de qualquer maneira; não poderia viver tranquilo sem o perdão dele.
O amigo o recebeu, ouviu o pedido de desculpas mas, antes de responder, perguntou a Chico Xavier:
– Chico, você me procura para pedir perdão porque é humilde ou porque é sem vergonha?
Com a maior simplicidade, Chico respondeu:
– Porque sou sem vergonha.
O ex-inimigo, deu sonora gargalhada, aceitou o pedido de desculpas e tornou-se novamente amigo de Chico. O agora novamente amigo não percebeu falsa humildade; viu sinceridade na resposta.