A prática do preço dinâmico, que varia de acordo com a procura dos consumidores, tem aumentado no Brasil.
O preço dinâmico é bastante conhecido por quem compra passagem aérea ou terrestre e por quem usa aplicativos de transporte. No caso das passagens, os preços variam de acordo com a data da viagem; no caso dos aplicativos de transporte, Uber ou 99, o preço da corrida varia conforme o horário da viagem, a procura e o clima (em caso de chuva, o preço aumenta).
A Uber alega que o preço dinâmico motiva os motoristas do aplicativo a trabalharem mais em horários de pico e faz aumentar a atuação deles para atender todas as viagens, mesmo com aumento da procura. A Uber alega ainda que os preços são atualizados de acordo com a demanda em tempo real e, por isso, os preços podem variar rapidamente.
Passagens em época de carnaval, feriados e de festas de fim de ano variam grandemente. Quem quiser economizar deverá ajustar a data de viagem ao valor que pretende pagar ou assumir o preço maior.
A prática saiu das passagens e vem se estendendo ao e-commerce e a lojas físicas.
O e-commerce dispõe de algoritmos que fazem o levantamento da procura do artigo para aumentar o seu preço quando a demanda se torna maior.
A plataforma de hospedagem AirBnb dá aos proprietários a opção de estabelecer a margem de variação do preço do aluguel a critério do proprietário.
O preço dinâmico acontece também quando a empresa detecta preço menor oferecido pelo concorrente e reduz seu preço a fim de ficar mais competitivo. Assim, os preços podem variar para mais ou para menos, a depender das circunstâncias.
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) não proíbe expressamente a prática do preço dinâmico, mas tem artigo que proíbe ao vendedor elevar, sem justa causa, o preço de produtos e serviços.
Esforço maior para entregar o produto, aumento do preço na fábrica e aumento das despesas de transporte podem caracterizar a justa causa. Naturalmente, a maior procura do produto e a mudança de datas de viagens não caracterizam “justa causa”.
A elevação do preço sem “justa causa” aumentará o lucro do fornecedor, que aproveitará o momento de maior necessidade do consumidor ou sua vulnerabilidade em ocasião especial.
Outra prática comum de preço dinâmico é diminuir o preço de produto encalhado para ter controle de estoque e obter espaço para armazenar novos itens.
A prática do preço dinâmico tem ocorrido também fora do Brasil e não apenas na venda de produtos, mas também na variação de preço de ingressos de shows.
Ao se deparar com preços dinâmicos, o consumidor perderá a referência de valores e terá dificuldade de programar seus gastos. Ele poderá superar essa dificuldade pesquisando preços nos concorrentes.
O fornecedor que varia o preço de seu item de acordo com a demanda corre o risco de perder clientes e de extrapolar no preço, o que colocará em risco a imagem e a ética da empresa. As perdas, nesses casos, serão maiores que os ganhos financeiros.