Conta-se que os árabes pediram a Maomé que realizasse um milagre como prova do que ensinava e que arrastasse o Monte Safa até eles. O profeta ordenou que o Monte Safa se deslocasse. Como este não se deslocou, Maomé elogiou a misericórdia de Deus, porque, caso se tivesse deslocado até eles, a montanha os teria esmagado a todos. E acrescentou: “Irei à montanha para agradecer a Deus por ter poupado uma geração de obstinados”. Depois disse a frase: “Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai até à montanha”.
A frase contém grande ensinamento: devemos agir sobre o meio em que vivemos se quisermos ver resultados em nossas vidas. É somente através de nossas ações que conseguiremos mudar algo.
A montanha viria até Maomé? Claro que não, pois ela não tem o poder de operar sobre o ambiente. Se Maomé não fosse até à montanha, ficariam ambos – Maomé e montanha – estáticos e nada ocorreria.
Muitas pessoas afirmam deixar as coisas nas mãos de Deus e esperam que elas se resolvam. Não se pode duvidar da capacidade de Deus, mas há de se convir que Deus espera que você dê o primeiro passo. Deus ajuda quem cedo madruga.
Vejamos o motivo da introdução.
O município de Bonito de Minas se situa ao norte do Estado de Minas Gerais, divisa com o Estado da Bahia, com pouco mais de 11 mil habitantes e tem como principais fontes de renda o artesanato e a agricultura.
Os comerciantes da cidade encontraram uma forma criativa de aumentar as vendas e atrair os clientes: compraram ônibus para buscar gratuitamente na área rural os trabalhadores rurais, aposentados e pensionistas, que não têm condições de bancar as passagens até a cidade. O valor das passagens pesa no bolso da população da área rural.
Os ônibus percorrem distritos e povoados para levar os clientes até Bonito de Minas.
Os aposentados e pensionistas aproveitam a ida à cidade para receber o benefício no Banco e resolver assuntos particulares. As viagens são programadas de acordo com a data de recebimento dos benefícios e das aposentadorias.
Além de facilitar a vida das pessoas, os comerciantes passaram a ter lucro maior. Claro que os ônibus também representam despesas de combustíveis, pneus e manutenção, que os comerciantes compensam nas vendas realizadas.
Os ônibus beneficiam 44 pequenas comunidades rurais do município e, nas datas programadas, fazem até duas viagens por dia para buscar moradores na área rural, levá-los para a cidade de Bonito de Minas e depois levá-los de volta a suas residências.
O sistema surgiu graças à observação do proprietário de um supermercado, que percebeu que a concorrência atendia os moradores da cidade e que restava a ele vender para os moradores da área rural. Ele percebeu que os moradores da área rural tinham dificuldade de transportar as compras, porque não havia linhas de ônibus regulares que atendessem as comunidades. Muitos moradores levavam as compras em lombos de burro, a cavalo ou em carros de boi (ainda existem).
O comerciante inovou, comprou o ônibus e ofereceu o transporte gratuito para os moradores do campo, que respondem hoje por 60% das vendas do supermercado, que ainda presta serviço social para ajudar as pessoas. O serviço do transporte logo foi copiado pelo supermercado concorrente.
A montanha não vem a Maomé? Maomé vai até à montanha.
O cliente não vai até você? Busque-o, ofereça-lhe vantagens e benefícios, atraia-o.