Palavras e expressões populares costumam ter origem bastante curiosa, que precisam ser verificadas ao longo da História e/ou do folclore regional. Por vezes, a origem da palavra ou expressão surpreende.
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NUNC DIMITTIS
Esta expressão, embora pouco utilizada no cotidiano, tem tão belo significado que merece ser explicada, principalmente porque envolve Jesus Cristo e o Santo João Paulo II.
Narra o Evangelista Lucas que, segundo a lei de Moisés, os primogênitos deveriam ser conduzidos ao templo para serem purificados e consagrados ao Senhor. Maria e João levaram o Filho ao templo, conforme a lei. Havia em Jerusalém um homem justo e piedoso, de nome Simeão, a quem fora revelado que não morreria sem ter visto o Salvador. A narrativa de São Lucas diz que “Simeão foi ao templo impelido pelo Espírito e, quando os pais do Menino Jesus o conduziram para fazer o que a lei prescrevia, ele O tomou em seus braços e bendisse a Deus nestes termos: “Agora, Soberano, despedes o teu servo em paz, conforme Tua palavra, pois meus olhos viram a tua salvação que preparaste em face de todos os povos”. (Lc, 2, 25 – 31).
As palavras de Simeão “despedes o teu servo” ou “já podes deixar ir teu servo em paz” em latim são “Nunc dimittis”. O “ir” de Simeão se refere a que ele poderia morrer e deixar este mundo, porquanto havia-lhe sido concedido o bem de ver o Messias, conforme prometido. Assim, ele morreria em paz e nada mais tinha a fazer neste mundo, depois que a promessa de ver o Messias fora cumprida.
E o Santo João Paulo II? A certa altura de seu testamento, João Paulo II escreveu que “é preciso perguntar-se se não é o momento de repetir com o bíblico Simeão: ‘Nunc dimittis’”, no sentido de que o Papa já havia cumprido as tarefas que lhe cabiam e que ele poderia ir em paz. Emocionante!
Assim, a expressão pode ser usada por alguém que sinta que já cumpriu sua missão na vida material e deseja partir em paz para encontrar-se com Deus.