- MEMÓRIA DE ELEFANTE
A notícia de um elefante que atacou e matou uma mulher na Índia foi destaque na semana e teve repercussão internacional. A notícia foi confirmada pelo britânico Daily Mail e por outros veículos de imprensa indianos. O fato merece ser contado em detalhes, até porque justifica a expressão popular “memória de elefante”.
A indiana Maya Murmu, de 70 anos, recolhia água em um poço, quando um elefante surgiu inesperadamente no local e aproximou-se do poço. Assustada, ela tentou espantar o animal com um bastão. O animal reagiu e pisoteou a mulher, que foi encaminhada a um hospital, onde veio a falecer.
Não satisfeito em haver matado Maya Murmu, o mesmo elefante foi ao local onde o corpo dela estava sendo velado e, durante os últimos ritos do funeral, tirou o corpo dela da pira funerária, atirou-o para o alto e o pisoteou novamente. Nenhuma outra pessoa presente ao velório foi atacada ou incomodada.
O elefante ainda reuniu a manada e atacou a casa onde ela morava no povoado.
O animal havia se afastado da região de Dalma, santuário da vida selvagem onde vários animais vivem e distante cerca de 200 quilômetros da cidade de Maya Murmu. O conflito entre animais e humanos é comum na região de Odisha, rica em minerais, e as pessoas utilizam técnicas violentas para afastar os elefantes e ter acesso aos recursos. Possivelmente, o elefante guardou as agressões que havia recebido na vida e revidou.
Estimativas do governo indiano indicam que aproximadamente 100 pessoas são mortas por elefantes a cada ano. Contudo, fundações afirmam que o número pode ser até três vezes maior.
A expressão popular “memória de elefante” surgiu a partir da observação de uma característica fascinante dos elefantes, comprovada pelo fato acima. Os elefantes possuem grande capacidade de armazenar informações. Eles caminham vários quilômetros em busca de água e comida e conseguem memorizar os locais onde conseguem água e alimentos, mesmo após percorrer distâncias enormes.
A memória é, portanto, questão de sobrevivência para os elefantes.
Assim, a expressão passou a ser usada para se referir a pessoas dotadas de ótima memória e que não esquecem as coisas.
Sobre o fato de haver reunido a manada para atacar a casa de Maya Murmu, estudos indicam que os elefantes passam informações entre si por meio de infrassom, isto é, ondas sonoras com frequência inferior a 20 Hertz inaudíveis pelos seres humanos.
Peter Granli, integrante da ONG ElephantVoices, encaminhou artigo para o UOL, a pedido da publicação, no qual afirma que “os elefantes acumulam e retêm o conhecimento social e ecológico e se lembram, por décadas, dos aromas e das vozes de indivíduos, de outras rotas migratórias, de lugares especiais e de habilidades aprendidas”.
2 Comentários
Muito bom esse texto, muita gente não tem a menor idéia sobre o assunto.
Valeu, forte abraço Coronel!
É muito bom e importante sabermos a origem de palavras e expressões.
Agradecida Cláudio por nos informar de maneira tão prazerosa.