Palavras e expressões populares costumam ter origem bastante curiosa, que precisa ser verificada ao longo da História e/ou do folclore regional.
- NEPOTISMO
A palavra, que significa favoritismo, patronato, vem do latim “nepotis” (sobrinho) e vem do Século XV. Naquela época, era comum os papas favorecerem parentes com títulos de nobreza e doações.
O costume se acentuou com o Papa Alexandre VI, que exerceu o papado de 1492 até a sua morte em 1503. Alexandre VI era membro da poderosa família Borgia; seu nome de batismo era Rodrigo Borgia. Seu tio, Afonso Borgia, foi o papa Calisto III.
Alexandre VI, ainda cardeal, iniciou relacionamento amoroso com a dama romana Vannozza dei Cattanei em 1470, do qual nasceram quatro filhos. Há suspeitas de que ele tenha tido outra filha fora deste relacionamento. Ele conseguiu eleger-se papa porque, naquela época, o Colégio dos Cardeais era composto em grande parte por membros das principais famílias de Itália e a eleição para papa as favorecia. A compra de votos era prática comum. Hoje, sua história pode causar espanto, mas na época, não causava surpresa e nem escândalo.
Alexandre VI nomeou seu filho Césare Borgia arcebispo, quando ele tinha apenas 16 anos, apresentando-o como sobrinho; publicamente, os papas não podiam admitir que tinham filhos. Aí surge a palavra “nepotismo”, o favorecimento a “sobrinhos”.
No Brasil, esta prática se acentuou na política brasileira e teve início logo no descobrimento do país, quando Pero Vaz de Caminha escreveu carta ao rei de Portugal relatando o descobrimento da nova terra e, ao mesmo tempo, pediu ao soberano a “singular mercê” de nomear um parente para importante cargo na ilha portuguesa de São Tomé.
A prática “aprimorou-se” no Brasil: foi criado o nepotismo cruzado, em que uma autoridade contrata os parentes de outra que, em agradecimento, contrata os do primeiro. Assim não fazem aparecer os mesmos sobrenomes no mesmo gabinete.