A origem de palavras e expressões pode transmitir ensinamentos de longa data. É o caso da expressão “uma mão lava a outra”.
Origem da expressão uma mão lava a outra
A expressão “uma mão lava a outra” dá ideia de reciprocidade, de apoio mútuo, de ajuda recíproca, de cooperação, de trabalho em equipe para o mesmo fim.
Uma das mãos não consegue se lavar bem se sozinha e precisa da ajuda da outra para que a limpeza seja completa e bem feita. As duas mãos se apóiam e ambas se lavam. Eis a analogia da necessidade da cooperação e solidariedade entre as pessoas e do trabalho em equipe para atingir o mesmo fim com maior eficácia.
Existem dois tipos de continuidade para a expressão. “Uma mão lava a outra e ambas lavam o rosto” ou “uma mão lava a outra e ambas batem palmas”. A ideia é que alguém ajuda o outro na mesma ação e, juntos, é possível fazer mais que sozinhos e conseguem atingir objetivos maiores.
A expressão, originária da cultura greco-romana, tem a origem controversa.
Uma versão diz que a frase “A mão lava a mão: dá algo e poderás receber algo” apareceu em fragmentos de Epicarmo de Siracusa (550 a.C. – 460 a.C.), que viveu antes de Platão.
Outra versão afirma que a origem da expressão é do Axíoco, diálogo socrático atribuído a Platão mas considerado ilegítimo, no qual aparece a frase “uma mão esfrega a outra, dá e recebe”.
Um dos provérbios gregos dizia que “a cidade preserva a cidade, o homem [preserva] o homem, a mão lava a mão, o dedo [lava] o dedo”, o que bem demonstra a importância da reciprocidade e do apoio mútuo.
No livro “Naturalis Historia”, o escritor Plínio, o Velho, (23 d.C. – 79 d.C.) usou a frase “manus manum lavat”, que significa “uma mão lava a outra”. A cultura romana valorizava a lealdade e o apoio, principalmente nos contextos social, político e militar.
Diante de tais versões, não há como afirmar a origem exata da expressão. Importa mais conhecê-la e seu significado de cooperação, apoio e trabalho em equipe.
O significado da expressão foi deturpado ao fazer alusão à concessão ou troca ilegítima de favores. Natural, pois os políticos conseguiram desvirtuar até o significado do “é dando que se recebe”, da bela prece de São Francisco de Assis. A expressão original pretendeu mostrar que uns dependiam dos outros e nenhum ser humano conseguiria viver sem os demais.