Palavras e expressões populares costumam ter origem bastante curiosa, que precisa ser verificada ao longo da História e/ou do folclore regional.
- O QUINTO DOS INFERNOS
Expressão muito comum (vá para o quinto dos infernos), cuja origem tem mais de uma explicação e até pode ter origem teológica.
A descoberta do ouro durante o Brasil Colônia causou a corrida de brasileiros e portugueses em busca do enriquecimento. Eles deslocavam-se para as regiões das minas para garimpar ouro. Mas a coroa portuguesa interveio para cobrar impostos sobre o ouro obtido.
A cobrança do imposto era feita do seguinte modo: todo o ouro encontrado deveria ser encaminhado para as casas de fundição, onde era derretido e transformado em barras. Durante esse processo, já era cobrado um imposto: a quinta parte da barra era destinada à Coroa Portuguesa que, em 1750, começou a retirar o seu quinhão diretamente nas casas de fundição. O processo buscava diminuir a sonegação.
Evidentemente, aquele tributo era odiado pelos donos das minas e garimpeiros, que passaram a chamá-lo de “o quinto dos infernos”.
Naquela época, um quinto do ouro como imposto era chamado “o quinto dos infernos”. Atualmente, com a carga tributária perto dos 40%, como seria chamado o imposto? Quase metade dos infernos?
Vamos à segunda versão da origem da expressão. O povo em Portugal também começou a utilizar essa expressão na mesma época para referir-se ao Brasil, lugar longínquo e desconhecido, em que, além de tudo, era cobrado o “quinto”.
Os portugueses, na Europa civilizada, consideravam os brasileiros rudes, malcheirosos e incultos. Quando o navio carregado com ouro brasileiro atracava em Portugal, diziam os portugueses: “La vem o navio do quinto dos infernos”.
Conta-se que a rainha Carlota Joaquina, esposa de Dom João VI, não gostava do Brasil e, ao retornar para Portugal, proferiu: “Até que enfim saio do quinto dos infernos”.
Finalmente, agora a terceira versão da origem da expressão, a de origem teológica. Na Idade Média, a Igreja Católica definiu quatro tipos de inferno.
O primeiro, onde os papas passariam um tempo para a purificação final.
O segundo, o limbo, para onde iriam as crianças pagãs, que morriam antes de serem batizadas.
O terceiro, o purgatório, onde as almas estagiariam antes de irem para o Paraíso.
O quarto era o inferno propriamente dito, lugar em cujo fogo os pecadores arderiam eternamente.
O quinto dos infernos, o pior de todos os infernos, seria o pior lugar do Universo, com sofrimentos inenarráveis, para onde iriam as piores almas.
De qualquer forma, mandar alguém para o quinto dos infernos é desejar-lhe o pior e que vá para um lugar bem ruim.
Difícil dizer o que será pior: se mandar alguém para o quinto dos infernos ou se para “aquele lugar”.