Expressões populares costumam ter origem nos costumes, no folclore e na fala populares. Interessante ver a origem delas.
Origem da expressão “Lavar a égua”
A expressão “lavar a égua” significa “ter grande satisfação, como conquistar a vitória em um jogo ou em outra atividade em que tenha realizado negócio muito vantajoso e tenha obtido bons lucros”. A expressão caiu em desuso e é mais comum atualmente dizer “se dar bem”.
“Lavar a égua” se originou no Brasil Colônia, quando Portugal taxava em 20% todo o ouro extraído no Brasil.
20% do ouro extraído no Brasil eram obrigatoriamente enviados para o rei de Portugal. Era o chamado “quinto do ouro”, que gerava grande revolta entre comerciantes e mineradores.
Impostos muito menores do que aqueles impostos pela Coroa Portuguesa hoje são cobrados pelo “reinado brasileiro” para se sustentar e para viajar pelo mundo a levar imensa comitiva de puxa-saco, até para assistir ao enterro do papa.
Quanto mais imposto se cobra maior a sonegação. No Século XVIII, o contrabando do ouro nas Minas Gerais transformou-se em gigantesca indústria. A estimativa é que, no Século XVIII, mais de 800 toneladas de ouro foram extraídas nas cidades mineiras, principalmente Ouro Preto, e 30% a 40% desse ouro foram contrabandeados para burlar a exploração da Coroa Portuguesa.

Os mineradores encontravam meios eficazes para esconder e contrabandear o ouro. Um dos métodos mais comuns de contrabandear pequenas quantidades de ouro era colocar pó de ouro ou pequenas pepitas de ouro dentro dos pelos das éguas que transportavam cargas.
No estábulo, após o trabalho, os escravos lavavam as éguas cuidadosamente e recuperavam o ouro. O processo também servia para os escravos roubarem ouro de seus senhores.
“Lavar a égua” era a forma de recuperar grande parte de ouro contrabandeado.
Há outra explicação para a origem da expressão. Autores afirmam que “lavar a égua” tem origem no turfe, o esporte dos reis e da nobreza.
Nos bons tempos das corridas de cavalo no Brasil, os hipódromos eram cheios de glamour, e muito dinheiro circulava entre apostadores e proprietários de animais. A televisão interrompia a programação para transmitir ao vivo grandes prêmios de maior repercussão.
Com o dinheiro ganho pela vitória na corrida e das apostas, era comum que os donos das éguas vitoriosas usassem champanhe, em vez de água, para banhar os animais depois das corridas. Era a forma de o proprietário do animal retribuir-lhe o lucro e a vitória.
O gesto de gratidão do proprietário para com a fêmea vencedora deu origem à expressão “lavar a égua”. O proprietário do animal “lavava a égua” depois do lucro obtido com ela nas apostas e na corrida.
Com o tempo, a expressão passou a ser usada para se referir a momentos de glória e realização e ganhou variações. A expressão “lavar a égua” passou a ter outras versões, como “lavar a burra” e “lavar a jega“.
Uma ressalva. De acordo com o professor Ari Riboldi, em seu livro O Bode Expiatório, o privilégio do banho de champagne era apenas das fêmeas. Se o vencedor fosse macho, não havia o banho e o animal simplesmente voltava para a cocheira.