A História narra casos de busca da liberdade por diferentes meios, mesmo com risco de morte. Henry Brown é um desses casos que inspira a luta pela liberdade.
DADOS BIOGRÁFICOS DE HENRY BROWN
Henry Brown nasceu escravizado na fazenda Hermitage, de propriedade de John Barret, Virgínia, Estados Unidos, em 1815 ou 1816. Seus pais eram cristãos e lhe ensinaram sobre os valores pregados por Cristo. Algumas fontes dizem que ele teria mais um irmão e uma irmã; outras, que ele teria quatro irmãos e três irmãos.
Seus irmãos foram enviados para outras fazendas da região. Os proprietários negociavam escravos como mercadoria, sem se importarem com laços familiares.
Quando tinha 15 anos, Henry Brown foi enviado para trabalhar em uma fábrica de tabaco em Richmond, de propriedade de William Barret, filho de John Barret, que havia falecido.
Em 1836, ele se casou com uma escravizada, chamada Nancy, mas de outro senhor. Os dois frequentavam a mesma igreja batista, onde se conheceram. Ele cantava no coral da igreja.
O dono da fábrica de tabaco contratou Henry com salário, e ele conseguiu alugar uma casa para morar com a família. Henry Brown pagava uma taxa mensal ao dono da fazenda, onde Nancy era escrava, para que ele não a vendesse e nem aos filhos, a fim de que a família permanecesse reunida.
Em 1848, o dono da fazenda traiu Henry Brown e vendeu Nancy e os filhos para outro dono de escravos. Nancy estava grávida do quarto filho do casal.
Henry Brown sofreu muito com a separação da família e começou a pensar seriamente em fugir para reencontrar a esposa e os filhos. Ele encontrou um modo incomum de fugir da escravidão.
FUGA PARA A LIBERDADE
Ele buscou a ajuda de Samuel Alexander Smith, sapateiro e apostador branco, e de James Caeser Anthony Smith, negro liberto e membro do coral da igreja, que se propuseram a ajudá-lo.
O sapateiro confeccionou uma caixa de madeira grande e concordou em despachar a caixa com Brown dentro para a Filadélfia, estado onde a escravidão era ilegal. Para ser despachado como mercadoria pelo correio, Brown pagou a Alexander Smith 86 dólares. Alexander Smith avisou a James Miller Mckim, líder da Sociedade Anti-escravidão da Pensilvânia, para receber a caixa com a encomenda no destino.
Em 29 de março de 1849, Brown fingiu que se machucara na fábrica, alegando que precisava procurar um médico. Os dois amigos colocaram Brown na caixa de madeira, na qual havia um furo para que ele pudesse respirar, com alguns biscoitos e água no cantil. O manifesto descrevia a carga como “comida seca”.
A caixa viajou de vagão, ferrovia, barco a vapor, balsa e vagão de entregas. Durante a viagem, Brown ficou virado de cabeça para baixo na caixa por várias horas, apesar dos avisos de “manuseie com cuidado” e “este lado para cima” colados nela. Apesar do manuseio rude, Brown suportou tudo em silêncio.
Em sua autobiografia, Henry Brown narrou que:
“Senti meus olhos incharem como se fossem estourar das órbitas; e as veias de minhas têmporas estavam terrivelmente dilatadas com a pressão do sangue na minha cabeça”.
No dia 30 de março, depois de 27 horas de viagem, a caixa chegou à Filadélfia. James Miller Mckim a buscou na agência do correio e a levou para o escritório da Sociedade Anti-escravidão da Pensilvânia, onde os presentes a abriram ansiosamente.
Henry Brown saiu de dentro da caixa bastante cansado, mas como homem livre, e teve ânimo para cantar um salmo de gratidão e para celebrar sua liberdade.
A LIBERDADE
Henry tornou-se ativo palestrante para a Sociedade Anti-escravidão da Pensilvânia. Ele recebeu o apelido ”Box” (caixa, em inglês), que depois acrescentou a seu nome.
Henry Box Brown entrou em contato com o proprietário de Nancy e de seus filhos para adquirir a sua família, mas não teve dinheiro para pagar a quantia pedida e ele nunca mais viu a mulher e os filhos.
Em 1850, o governo americano aprovou a Lei do Escravo Fugitivo, que exigia cooperação entre as forças da lei para capturar fugitivos mesmo em estados onde a escravidão era proibida. Sentindo-se ameaçado, Brown mudou-se para a Inglaterra, onde se tornou figura pública. Ao longo de dez anos, ministrou palestras sobre os males da escravidão e sobre a abolição.
Em 1861, passou a atuar nos palcos, cantando e fazendo shows de mágica e ilusionismo; tornou-se conhecido como o “Príncipe Africano”.
Em 1855, conheceu Jane Floyd, branca, filha de um fabricante de latas, com quem se casou e começou nova família.
Em 1875, Henry retornou aos Estados Unidos com sua família.
Mais tarde, a família se mudou para Toronto, Canadá, e ele continuou a fazer apresentações e shows de mágica até o início da década de 1890.
Henry Box Brown morreu em 15 de junho de 1897, aos 82 anos.
O QUE VOCÊ FARIA POR SUA LIBERDADE?
Esta a história de um escravo que se arriscou em busca da liberdade, fazendo viagem de 27 horas dentro de uma caixa apertada de madeira.
É comum dizer que somente se dá valor à liberdade depois de perdê-la.
O que você faria por sua liberdade?