O Orelhão, que teve grande utilidade para os brasileiros, vem perdendo espaço para a tecnologia e os smartphones.
O telefone público está em extinção e brevemente deverá desaparecer da paisagem das cidades brasileiras. O progresso tornou-o desnecessário e ultrapassado.
Os smartphones, a internet, o SMS e as chamadas de vídeo, ao alcance da mão das pessoas, tornaram as comunicações mais rápidas.
O Orelhão foi uma criação da arquiteta brasileira Chu Ming Silveira, nascida em Xangai, filha de pais chineses, que veio para o Brasil com 10 anos de idade.
Em 1964, Chu Ming Silveira formou-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Em 1971, quando chefiava o Departamento de Projetos da Companhia Telefônica Brasileira, Chu Ming criou o protetor para telefones públicos. O projeto proposto exigia que o protetor de telefones públicos fosse simples, barato, durável, oferecesse boa acústica, oferecesse proteção e conforto ao usuário, se adaptasse bem à paisagem das cidades e atendesse ao homem médio brasileiro.

Os telefones públicos só chegaram às calçadas brasileiras em meados de 1971, quando não se sonhava em carregar um telefone no bolso ou bolsa. O telefone celular foi lançado em 1973 e era acessível aos mais ricos.
Em 1973, a Motorola apresentou o protótipo do primeiro aparelho de telefone celular no mundo, que media cerca de 30 centímetros, pesava quase um quilo e custava U$ 4 mil, em torno de 20 mil reais em valores de hoje.

Chu Ming desenvolveu o projeto a partir da forma do ovo, simples e com boa acústica, que teve boa aceitação por parte dos brasileiros. E não somente os brasileiros; o Orelhão e adaptações do projeto são encontrados em países da América Latina, como Peru, Colômbia e Paraguai, em países da África, como Angola, e até mesmo na China.
Chu Ming faleceu em São Paulo, em 1997, aos 56 anos e não verá a obsolescência de sua invenção.
O Orelhão foi tão importante para o Brasil que uma lei de 1997 estabelecia o número mínimo de telefones públicos a serem instalados nas cidades e exigia das empresas de telefonia a instalação e manutenção dos aparelhos. Nova lei, de 2019, retira das companhias essa obrigação. Alguns Orelhões serão conservados ainda por algum tempo, de forma a garantir que o usuário não percorra mais de 300 metros para ter acesso ao telefone fixo.
Apesar de serem de grande utilidade, os Orelhões não escaparam à falta de educação de vândalos.

Inicialmente, o usuário colocava moedas para falar ao telefone público. Os cartões telefônicos, com créditos, substituíram as moedas. Ainda encontram-se cartões telefônicos à venda em pontos comerciais, mas a sua venda vem diminuindo gradativamente. Os cartões telefônicos são do interesse de colecionadores atualmente. O preço dos cartões varia de acordo com sua raridade.
O hábito dos brasileiros de utilizarem a telefonia fixa tem perdido espaço para a utilização de smartphones. Diante do desenvolvimento tecnológico e das facilidades que os aparelhos celulares oferecem, natural que o orelhão seja gradualmente esquecido.