Pesquisa liderada por cientistas chineses revelou que a música clássica causa efeitos positivos no cérebro, e a descoberta pode ajudar pacientes com depressão.
Música clássica estimula as emoções, produz resposta cognitiva e emocional, promove relaxamento e prazer e pode melhorar a concentração e a memória, foi o que comprovou pesquisa realizada por cientistas chineses.
O estudo, publicado na revista Cell Reports em agosto, analisou o efeito neurológico da música de compositores ocidentais, como Bach, Beethoven, Vivaldi e Mozart sobre o cérebro de pacientes deprimidos. A verificação dos efeitos no cérebro foi feita por meio de medições de ondas cerebrais e técnicas de neuroimagem.
Os cientistas chineses utilizaram a música clássica ocidental — estilo com o qual a maioria dos participantes não tinha intimidade — para evitar interferência de lembranças que músicas conhecidas trouxessem aos pacientes. Assim, não havia relação anterior entre as emoções percebidas no paciente e a música executada.
“Nossa pesquisa integra os campos da neurociência, psiquiatria e neurocirurgia e fornece base para pesquisas voltadas para a interação entre música e emoção“, explicou o autor principal, Bomin Sun, diretor e professor do Centro de Neurocirurgia Funcional da Universidade Jiao Tong, de Xangai. “Esperamos traduzir os resultados da pesquisa para a prática clínica, desenvolvendo ferramentas e aplicativos de musicoterapia confiáveis”, completou.
A pesquisa contou com a participação de 23 pacientes com depressão resistente a tratamentos convencionais e que tinham eletrodos implantados em seus cérebros para estimulação profunda.
A equipe de cientistas utilizou esses implantes para descobrir que a música clássica gera efeitos antidepressivos porque sincroniza as oscilações neurais entre o córtex – responsável pelo processamento de informações sensoriais – e o circuito de recompensa – que processa informações emocionais. Ou seja, como as informações da música agem sobre a área de recompensa do cérebro.onde
Os resultados revelaram que a música instrumental clássica melhora o desempenho da leitura e da escrita, do que se deduz que a música clássica pode auxiliar a manter o foco e a concentração; a música pop tem efeito neutro nesses aspectos.
Em 2015, cientistas da Universidade de Helsinki, Finlândia, divulgaram estudos sobre os efeitos da música clássica no nível molecular. O estudo concluiu que o hábito de ouvir música clássica aumenta a atividade dos genes envolvidos na sinapse (região de proximidade entre um neurônio e outra célula por onde são transmitidos os impulsos nervosos), influencia na aprendizagem, na memória e na produção de dopamina (mensageiro químico que atua no sistema nervoso, conhecido como um dos hormônios da felicidade que, liberado, provoca sensação de prazer e de satisfação) e ainda aumenta a motivação do ouvinte.
Outra pesquisa de 2018, da Universidade de Oxford, chegou a conclusão semelhante sobre benefícios que a música clássica proporciona. Ouvir música clássica pode ajudar a preservar a saúde do coração; pode reduzir a pressão arterial, a dor e a ansiedade; pode combater a insônia e despertar emoções.
A música clássica ajuda no desenvolvimento do cérebro das crianças e até mesmo de bebês.
Música é linguagem universal; todas as culturas do mundo têm o hábito de ouvir música. Por isso, ela desperta interesse e tornou-se motivo de pesquisas por diferentes cientistas.