Por Cláudio Duarte
Começamos a falar sobre empoderamento feminino recentemente, mas a história mostra que há muito tempo o papel da mulher na sociedade é representativo em áreas como educação, ciência, cultura etc. Elas governavam, lutavam, estudavam. Eram empoderadas. Confira a terceira edição da série Mulheres da Antiguidade e tire suas próprias conclusões.
Nitócris (ou Nitocris)
Segundo o historiador grego Heródoto, a única mulher a reinar no Egito foi Nitócris. Contudo, sua existência é questionada, pois referências a ela seriam sobre o faraó Netjerkare com nome corrompido. Não há provas tangíveis sobre sua existência, embora haja referências a ela como ‘a mais corajosa que todos os homens de seu tempo’.
Ela viveu no Século XXI a. C. e tornou-se rainha após o assassinato do faraó, seu irmão (era comum o casamento entre irmãos). Nitócris governou o país por sete anos, mas manteve aceso o desejo de vingar o assassinato de seu marido/irmão. Durante esse tempo, ela mandou construir uma grande câmara subterrânea e, para inaugurá-la, convidou centenas de egípcios, muitos dos quais, ou todos, conspiradores que haviam assassinado seu irmão. No auge da festa, ela fechou os convidados na câmara e abriu uma enorme tubulação escondida que permitiu que as águas do Nilo inundassem a sala e matassem todos os convidados. Para escapar da punição, ela se suicidou, jogando-se no fogo.
Elissa (ou Dido)
A história de Elissa (ou Dido) merece ser contada como exemplo de perspicácia e inteligência. Interessado no dinheiro do marido de Elissa, Pigmaleão, irmão dela, o matou. Mas Elissa conseguiu fugir, levou consigo as riquezas do marido e chegou às costas norte da África, onde pretendeu estabelecer-se.
Reinava na região o Rei Jarbas, com quem Elissa negociou a compra de terras. O Rei negligenciou a mulher e propôs que ela poderia comprar apenas a quantidade de terra que conseguisse cercar usando a pele de um único touro. A proposta do rei foi aceita.
Esperta, Elissa mandou cortar o couro de um touro em estreitas tiras, com as quais cercou imensa área de forma circular onde construiu a cidade com o nome de Birsa (couro). Em torno de Birsa formou-se a cidade de Cartago, que logo se tornou potência mundial da época e chegou a fazer frente à poderosa Roma.
Não duvidem da sagacidade feminina!
Zenóbia
Zenóbia era casada com Septimius Odenato, príncipe de Palmira, que, em razão de ser aliado de Roma, foi nomeado rei de Palmira em 260. Odenato e seu filho herdeiro foram assassinados e o trono coube ao filho mais novo Vabalato. Devido a sua tenra idade, Zenóbia, sua mãe, com cerca de 25 anos, assumiu o papel de regente. Ela era extremamente culta e cativava a todos por sua inteligência e beleza.
No Século II, o Império Romano atingiu sua maior expansão, e Palmira, localizada na síria, era uma das cidades mais importantes e mais ricas do Império. Em 268, Zenóbia decidiu se insurgir contra o Império Romano e fundou o Império Palmira. Dotada de habilidade militar, conseguiu tomar vastos territórios de Roma: Síria, Egito, Líbano, Palestina e Ásia Menor.
Em 272, o imperador Aureliano reconquistou os territórios tomados por Zenóbia, derrotou Palmira e a fez prisioneira. Aureliano conduziu Zenóbia para Roma, onde a fez participar, humilhada, da tradicional parada dos prisioneiros presa em grilhões e correntes.
Depois, Aureliano a perdoou e permitiu que ela levasse vida luxuosa em Tibur (atual Tivoli) como exilada. Zenóbia tornou-se excelente filósofa da sociedade romana.
Apesar do curto reinado, Zenóbia deixou marcado seu nome na História como a ‘rainha guerreira’ que desafiou o poderoso Império Romano. Além disto, ela realizou grandes obras na cidade de Palmira que resistiram ao tempo. Em 1980, Palmira foi declarada patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO, o braço da ONU para educação, ciência e cultura.
Reportagem #3 (de 4) da série: Mulheres da Antiguidade
Leia AQUI a reportagem #1
Leia AQUI a reportagem #2
3 Comentários
Destas três extraordinarias mulheres, eu conhecia a história de Zenobia e Dido que se apaixonou por Enéas e acabou também se matando por ele por nao ter seu amor correspondido. Que venham historias de mulheres interessantes… Parabéns pela pesquisa que vem enriquecer nossos conhecimentos…
Por serem mulheres extraordinárias,as histórias são excelentes e muito bem escritas.
Delícia de leitura.
Poderosas desde sempre….rsrsrsrs