Aprender é saber manter as antenas ligadas naquilo que a vida oferece, mesmo que sejam momentos de dores e de perdas.
Partida do Jack
Jack, meu querido Golden Retriever, partiu na semana passada, aos 12 anos. A perda de um animal tão amado é sempre dolorosa, e confesso que escrever este artigo foi uma das tarefas mais difíceis que já enfrentei. Contudo, não poderia deixar de honrar tudo aquilo que Jack me ensinou sobre liderança, gestão e, acima de tudo, sobre a vida.
Durante os anos em que desfrutamos da sua alegre companhia, uma das coisas que mais me fascinou em Jack foi sua habilidade constante de viver no presente. Não importava o momento do dia ou a circunstância, bastava chamá-lo para um passeio e ele prontamente se levantava, sempre animado, abanando o rabo como se aquele convite fosse o melhor de sua vida.
Aprendi com o Jack
Isso me fez refletir sobre quantas vezes, em nosso cotidiano de líderes, somos convidados a abraçar oportunidades, desafios ou mudanças, e respondemos com resistência, ansiedade ou preocupação excessiva com o que está por vir. Jack, com sua simplicidade sábia, me ensinou que encarar o presente com entusiasmo pode transformar não apenas nossa experiência, mas também influenciar positivamente a equipe e os resultados que buscamos.
Outra característica marcante de Jack era sua paciência infinita. Ele esperava calmamente por sua comida, pelos passeios e pela atenção que dávamos a ele, sem nunca reclamar ou exigir mais do que estávamos dispostos a oferecer. Essa paciência me lembrou como, na gestão de equipes, é fundamental respeitar o tempo e o ritmo das pessoas. Cada indivíduo tem sua velocidade de aprendizado, assimilação e execução. Um líder que sabe aguardar o amadurecimento de ideias, projetos e habilidades constrói relações sólidas, equipes fortes e resultados consistentes.

Jack também tinha bom humor constante. Não importava se chovia ou fazia sol, se o dia estava agitado ou tranquilo, seu estado de espírito era sempre leve e positivo. Isso me ensinou que a verdadeira liderança não depende apenas de competências técnicas, mas, sobretudo, da habilidade emocional e energética de manter a positividade frente aos desafios diários. Líderes que cultivam essa leveza emocional conseguem motivar suas equipes mesmo nos momentos difíceis e criam ambientes de trabalho mais produtivos e saudáveis.

Ao longo desses 12 anos com Jack, percebi também que sua presença era profundamente transformadora. Estar com ele me obrigava a desacelerar, a prestar atenção aos detalhes e às pequenas alegrias da vida. Esse exercício constante de presença consciente é algo que, muitas vezes, líderes e gestores negligenciam na busca frenética por resultados imediatos. Jack ensinou-me que resultados extraordinários começam na atenção plena às pequenas coisas do cotidiano, sejam elas conversas rápidas, uma palavra de incentivo ou pausa estratégica para refletir.
Exercício da humanidade
Hoje, ao compartilhar essas reflexões sobre Jack, faço um convite especial: que possamos todos trazer um pouco dessa sabedoria canina para nossos ambientes de trabalho e para nossas vidas pessoais. Vamos nos animar genuinamente com cada nova oportunidade, cultivar paciência com aqueles que nos cercam, enfrentar o cotidiano com leveza e, principalmente, viver plenamente no momento presente.
Com certeza, Jack não entendia sobre KPIs, planejamento estratégico ou processos empresariais. Mas, em sua simplicidade profunda, deixou claro que liderança eficaz é, acima de tudo, o exercício constante de humanidade, empatia e alegria genuína. Essa é a verdadeira gestão sem drama.