Baseado na narrativa do historiador Heródoto, o pintor Edwin Long fez o quadro “Mercado de esposas na Babilônia”.
O quadro
O quadro “Mercado de Casamento na Babilônia”, pintado em 1875 por Edwin L. Long (1829-1891), baseia-se no sistema de casamento descrito por Heródoto em sua obra “Histórias”. Long inspirou-se em artefatos assírios do Museu Britânico para enriquecer o quadro com detalhes da época.
Em 1882, Thomas Holloway pagou alto preço pelo quadro e o doou para o Holloway College, que admitia apenas mulheres. A hipótese é de que ele tenha doado o quadro para estimular o debate sobre o papel das mulheres na Inglaterra no final do Século XIX e no novo século que logo se iniciaria.
Heródoto
O grego Heródoto viveu aproximadamente entre os anos 485 a.C. e 420 a.C. Não há confirmação das datas de seu nascimento e morte.

Em sua obra “Histórias”, dividida em 9 livros, Heródoto mostra a importância de entender o presente pelo estudo do passado. Apesar de a precisão de sua obra ser controversa, Heródoto recebeu o cognome de “o pai da História”.
O mercado
Em “Histórias”, Heródoto descreve o que ele chamou de “mercado de esposas da Babilônia”. Anualmente, os pais levavam as filhas em idade de casar até um local onde o pregoeiro leiloava as moças. Os homens davam lances para adquirir as mulheres, mas só as levavam com a condição de que se casassem com ela.
O pregoeiro revertia o dinheiro que obtinha com a venda das moças mais bonitas como dote para pagar os rapazes que pretendiam casar com as mais feias ou as mais pobres.
Os pais não escolhiam o marido para as filhas; tinham a garantia de que quem a comprou se casaria com ela. Heródoto tampouco menciona explicitamente a necessidade do consentimento das mulheres no processo, o que indica a falta de autonomia das mulheres da antiga Babilônia.
Objeto negociável
Apesar de assegurar que todas as mulheres da Babilônia se casariam, o sistema reflete o pouco ou nenhum valor dado às mulheres, tratadas como objetos negociáveis, adquiridas em leilão pelo melhor preço. As mulheres objeto de transação econômica.
A única exigência para os homens é que se casassem com a mulher que adquirira e que assumissem o compromisso de tratá-la com respeito e cuidado.
O argumento de que a mulher tinha muita importância na sociedade da época, porque era adquirida por grande valor, se desfaz diante da perda de sua liberdade e autonomia para escolher o marido.
Argumentar que a mulher era valorizada porque deveria ser tratada com respeito e cuidado para que o homem protegesse o investimento feito não retira dela a condição de bem negociável, sem liberdade para decidir os rumos da sua própria vida.
Relato controverso
Estudiosos debatem a veracidade da descrição do mercado de esposas feita por Heródoto. Consideram que ele pode ter interpretado mal os costumes de outros povos ou haver exagerado na descrição a fim de saciar a curiosidade dos gregos em relação a outros povos.
Não há registros arqueológicos que confirmem a prática citada por Heródoto.
Ainda que não seja preciso, o relato oferece indícios de como as mulheres eram percebidas na história antiga, de maneira muito diversa dos padrões éticos atuais.
Padrões éticos atuais
Diversa dos padrões éticos atuais mesmo? Verdade? Será que as mulheres são respeitadas como ser humano de pleno direito em todo o mundo atualmente?
Veremos isso na reportagem do próximo domingo.