O tema pode parecer óbvio, mas o período de eleições me fez lembrar momento de minha vida profissional, em que tive de lidar com fake news e que tem tudo que ver com o momento atual do cenário político.
Eu trabalhava com uma empresa que, de uma hora para outra, se viu no meio de crise gigantesca por conta de um boato que não tinha o menor fundamento. A notícia falsa se espalhou tão rapidamente que, em questão de horas, clientes e parceiros começaram a questionar tudo o que sabiam sobre a empresa.
Ao ver a situação política de candidatos se acusando mutuamente sem fundamentos nem provas, me veio forte sensação de déjà-vu, porque o que aconteceu naquela situação com a empresa é exatamente o que se acaba de ver na campanha eleitoral.
Candidatos e empresas enfrentam o mesmo tipo de desafio quando o assunto é confiança. Boatos, fake news, desinformação… tudo isso pode abalar a reputação construída com muito trabalho, seja você político seja você empresário.

Vivemos a era da pós-verdade, quando os boatos têm mais força que os fatos e o que “viraliza” nas redes muitas vezes tem mais peso que a realidade. A política é terreno fértil para isso. A fake news bem feita pode acabar com a imagem de um candidato antes mesmo de ele ter a chance de responder.
Nas empresas, não é diferente. Se um boato sobre a sua marca se espalha, a verdade demora para chegar e, até que chegue, muita coisa pode ter sido perdida. A confiança, relação que você constrói com o cliente ou eleitor ao longo do tempo, pode desmoronar em piscar de olhos.
Passei por situação de fake news e de ameaça de quebra de confiança quando estava ajudando uma empresa a enfrentar boatos. Mesmo depois de desmentir tudo, algumas pessoas já não olhavam para a empresa do mesmo jeito. Isso me fez perceber que, assim como na política, no mundo dos negócios a confiança é o ativo mais frágil.
Uma das coisas que mais aprendi naquela situação foi o valor da ação rápida: tempo não é só dinheiro; tempo também é reputação. Quando você está no meio de crise de boatos, a transparência e a velocidade com que você responde a ela fazem toda a diferença.
No caso da empresa, foram a transparência e a velocidade no combate ao boato que a salvaram. Não esperamos o tempo “resolver” o problema, porque sabíamos que, se demorássemos a solucioná-lo, o boato iria crescer. Assim como nas campanhas políticas: quem reage rápido e esclarece a situação tem muito mais chance de manter a credibilidade.
Olhando para trás, o que realmente ajudou a empresa a passar pela crise foi o fato de ela ter relação sólida com seus clientes. Eles tinham aprendido a confiar na empresa, e a confiança deu margem para consertar a situação.
Assim como na política, a reputação da empresa se constrói todos os dias. Pequenos gestos, promessas cumpridas, transparência nas decisões… tudo isso conta para que, no momento de crises, a base de confiança esteja forte o suficiente para resistir.

Pode-se pensar que política e gestão empresarial são mundos separados mas, em tempos de crise, as dinâmicas são muito parecidas. No final do dia, seja você candidato ou CEO, o que está em jogo é a sua reputação e como você lida com as crises que tentam abalá-la. Tanto políticos quanto empresários precisam se manter firmes, mesmo quando tudo parece estar desmoronando.
Quando vivi aquela crise com a empresa, percebi que é fundamental ter bom planejamento que permita flexibilidade para enfrentar situações inesperadas.
Boatos podem destruir anos de trabalho duro, e o que faz a diferença é como você responde a eles, não só naquele momento, mas com a história que você construiu e a confiança que conquistou.
O aprendizado naquela situação comprovou que a melhor, e talvez única, forma de sobreviver a crises de reputação é agir com transparência e rapidez. A confiança é construída em pequenos passos e pode ser destruída em piscar de olhos. Caso perdida, você a restabelece se agir com transparência, clareza, rapidez e determinação.
No caso da empresa, conseguimos virar o jogo com total transparência e comunicação aberta. E essa é a grande lição que levo comigo: tanto no mundo corporativo quanto no cenário político, você enfrenta as maiores tempestades quando a confiança em você, na empresa e em seus dirigentes é forte. Esse o maior aprendizado que eleições e gestão de empresas podem compartilhar.
Assim como na política, no mundo dos negócios a confiança é a moeda mais valiosa.