Fake News são difundidas na internet por vários motivos. Para aplicar golpes e levar vantagem; para prejudicar alguém; por vaidade do autor a fim de conseguir likes e seguidores; ou pelo simples prazer de divulgar inverdades.
Discute-se muito sobre como coibir a divulgação de mentiras nas redes sociais. A solução mais simplista, proposta por candidatos a ditadores e a controladores da sociedade, é censurar as redes sociais, atribuindo-se a si mesmos a exclusividade de dono da verdade.
Informação falsa se combate com mais informação e nunca com menos.
Cabe, principalmente, ao usuário das redes sociais não acreditar em tudo que lê e vê; cabe ao usuário buscar a confirmação de vídeos e notícias por outras fontes confiáveis.
Circula pela internet um vídeo de uma médica, que se diz médica integrativa e especialista em mastologista, que declara textualmente que câncer de mama não existe e que a mamografia deve ser descartada. Diz ela que não existe câncer de mama e sim inflamação nas mamas, que pode ser inflamação da tireoide, do rim, do fígado ou de qualquer outro órgão que faz acumular cálcio nas mamas.
Ela explica que o cálcio sai dos ossos em razão da desmineralização óssea pela baixa de testosterona e baixa de hormônios. O tratamento que ela recomenda é a modulação hormonal por meio de modulação nano que faz o tratamento de todas as inflamações corporais.
Em outro vídeo, o Dr. Leo Costa diz que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu os implantes hormonais porque a agência exige que todos os medicamentos colocados no mercado passem por ensaio controlado. Depois do ensaio, o medicamento deve passar por controle de qualidade. A implantação de hormônios, por meio de modulação hormonal, é individualizada e não passa por testes de riscos e nem de eficácia.
Dr. Leo Costa explica que há diferença entre observação e estudo que comprove a eficácia de medicamentos e de tratamentos. Observação é fruto da observação do médico que considera que o paciente está melhorando ou curado. Ou do próprio paciente que se diz curado com qualquer tratamento. A observação pessoal não tem rigor e nem valor científico.
Dr. Costa considera difícil que os hormônios manipulados em laboratório sejam colocados no mercado porque os hormônios são individualizados e não se podem avaliar os efeitos em todas as pessoas ou em grupo de pessoas. Afirma ainda que não há estudos científicos que comprovem a eficácia dos implantes hormonais.
A Anvisa exige que, comprovada a eficácia de medicamentos ou de hormônios, sua produção deve passar por controle de qualidade mínimo para que o usuário tenha a certeza de que as doses serão absorvidas pelo organismo sem causar efeitos colaterais adversos.
Todo remédio tem na bula os efeitos adversos que pode causar e a porcentagem de pessoas que sentiram tais efeitos.
O uso de medicamentos ou de tratamentos não convencionais não pode basear-se em relatos de médicos, que dizem que seus pacientes melhoraram com eles, nem de pacientes, que alegam que foram curados por seu médico com tratamento inovador.
Não bastam casos isolados para comprovar a eficácia de um medicamento ou tratamento hormonal. Ambos devem passar por estudos bem conduzidos, com monitoramento de pacientes, medição dos riscos e benefícios e medição dos desfechos.
Depois de todos esses cuidados, a produção do medicamento ainda deve ser submetida ao controle de qualidade de produção.
Além do Dr. Costa, o Dr. Igor Eckert contradiz firmemente a argumentação da médica. Ele diz que o tratamento à base de hormônio por manipulação nano é um protocolo criado por um dentista brasileiro e que a explicação do câncer por desregulação hormonal não corresponde à realidade.
Dr. Eckert alega que câncer de mama é o câncer de maior incidência nas mulheres da maioria dos países do mundo e que, em 2022, o Brasil teve 2,3 milhões de casos de câncer de mama e quase 700 mil óbitos por causa da doença. Portanto, não procede falar que não existe câncer de mama.
O Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico entrou com ação civil pública contra a médica que alegou que câncer de mama não existe.
Segundo o site Metrópoles, o Tribunal de Justiça do Pará proibiu a médica de publicar conteúdo falso sobre câncer de mama. Com a decisão, a médica foi obrigada a retirar todas as publicações nesse sentido.
A finalidade deste artigo é fazer o alerta para as leitoras sobre a difusão de fake news até sobre saúde e a necessidade de buscar a comprovação de informações com médicos e pessoas de sua confiança.