Coragem de empreender

Amanda Regina Maia Silva, 31 anos, é proprietária do salão de beleza Studio Maia. Começou a trabalhar aos 10 anos de idade no salão da mãe. Ela ajudava na limpeza, recebia pagamentos e prestava pequenos serviços.

Aos 14 anos, começou a fazer suas próprias unhas; não gostava que outras pessoas as fizessem. A partir daí, começou a fazer unha de clientes.

Todo começo é difícil; demorou algum tempo até conquistar a confiança das clientes. As pessoas não pediam para ela fazer o trabalho porque diziam que ela não tinha experiência, e ela não tinha experiência porque não trabalhava. Aos poucos, foi ganhando a confiança das clientes da mãe.

Ela percebeu que gostava do trabalho de salão e dedicou-se a fazer cursos de cabeleireira. Fez cursos e continuou a trabalhar com a mãe como manicure. Sua mãe tinha clientela fiel.

Engravidou-se. Não tendo com quem deixar a filha, levava o bebê para o salão. Preparou um dos quartos do salão para a pequena Gabriela, com berço e todos os apetrechos que uma criança de dois meses necessita. Muitas vezes, fez unha das clientes amamentando a Gabriela. Outras vezes, fazia a unha das clientes empurrando o carrinho de bebê da Gabriela com os pés para niná-la e fazê-la dormir.

Há quatro anos, o choque: sua mãe decidiu mudar-se para Portugal. Ela tinha duas opções: encarar o salão sozinha ou fechá-lo e ser dona de casa. Foi uma época de medo e insegurança. Mas decidiu enfrentar e assumiu o salão. O medo foi maior porque, até então, havia trabalhado apenas como manicure.

A mãe de Amanda a aconselhou a contratar uma cabeleireira, mas ela não quis. As clientes já a conheciam e poderiam ter dificuldade de se adaptar com nova cabeleireira. Preferiu assumir o salão.

Perdeu clientes, começou por baixo, mas encarou a luta com decisão e disposta a trabalhar e a tocar a empresa pra frente. Agora, a sua empresa.

Quando estava se aprumando, veio a pandemia com o isolamento social. Passou a atender clientes em casa, mas muitas evitavam até mesmo serem atendidas em casa. O movimento caiu vertiginosamente. Perdeu noite de sono. Perdeu clientes. O salão perdeu o movimento. Tinha de descobrir como fazer dinheiro para pagar as contas.

Acabou a pandemia, e o movimento está se recuperando gradativamente. Há quatro anos toca sozinha o salão, administrando-o como gestora e atuando como cabeleireira.

Perguntada sobre o que é mais difícil no salão, se ser gestora ou se ser cabeleireira, tomou um susto. Nunca se sentiu gestora. Aí percebeu que ela é a gestora de sua empresa. É ela quem paga as contas, recolhe os impostos, paga o aluguel, compra os produtos necessários para exercer a atividade, cuida da limpeza e organização, planeja a vida e as atividades do salão. Sim, descobriu-se gestora e concluiu que ambas as funções são importantes. Se não for boa profissional como cabeleireira e manicure, não terá clientes. Se não for boa gestora, a empresa irá à falência.

Como profissional, destaca a importância de deixar as clientes satisfeitas, tanto pelo trabalho realizado como pela atenção que lhes dedica. Como gestora, destaca a importância de ajustar o orçamento para gastar dentro do valor que ganha e não exagerar nas retiradas para ter como reinvestir no salão parte do que ganha. Pretende realizar obras para melhorar o salão, mas as realizará no devido tempo, de acordo com o orçamento e suas possibilidades.

A insegurança que sentiu quando assumiu o salão de beleza sozinha transformou-se em realização pessoal, em autoconfiança e na vontade de trabalhar.