A linguagem é dinâmica; palavras surgem e palavras caem em desuso. Idiomas recebem contribuições da evolução tecnológica e de outros idiomas, mormente em tempos de maior integração mundial.
As palavras “supimpa” (ótimo, excelente), “batuta” (bom, excelente) e “dondoca” (madame, patricinha), muito utilizadas por nossos avós, não mais são utilizadas em conversações.
“Mouse”, “sites”, “hardware”, “halloween”, “Black Friday” e tantas outras foram incorporadas ao uso cotidiano dos brasileiros.
A Universidade de Oxford, Inglaterra, fez uma votação com 37 mil pessoas para a escolha da “palavra do ano de 2024”. A palavra, ou expressão, escolhida foi “Brain rot”, que significa “cérebro apodrecido” ou “atrofia cerebral” em tradução literal.
O Dicionário de Oxford definiu “brain rot” como a “suposta deterioração do estado mental ou intelectual de alguém decorrente do consumo excessivo de material, principalmente online, considerado trivial, desimportante, superficial e pouco desafiador”.
“Suposta” deterioração porque não há indícios suficientes que permitam afirmar que o cérebro realmente apodreça. Mas os sintomas do consumo exagerado das redes sociais parecem causar a sensação de “apodrecimento do cérebro”, e o fenômeno vem sendo estudado.
As pesquisas se sucedem. Pesquisa promovida pela revista científica norte-americana National Library of Mediciner mostrou que a internet pode afetar a atenção e a memória e provocar alterações na cognição.
O termo “brain rot” em inglês existe há mais de um século. O autor Henry David Thoreau a utilizou pela primeira vez no livro “Walden, A Vida nos Bosques” para criticar a sociedade da época que valorizava temas simples e superficiais em detrimento dos complexos que exigem raciocínio e pensamento mais profundo.
Thoreau questionou: “enquanto a Inglaterra tenta curar a praga das batatas, não haverá nenhum esforço para curar a ‘podridão mental’ — que prevalece tão mais ampla e fatalmente?”
“Brain rot” adquiriu importânciaatualmente, no tempo das redes sociais e das pessoas que acham que adquirem conhecimento e cultura pela superficialidade, baixa qualidade e futilidade da maioria das informações das redes sociais.
“Brain rot” cabe bem para muitos brasileiros que, aos milhares, seguem ditos “influenciadores” que publicam fotos de viagens, luxo e ostentação; apenas futilidades. Agrava o quadro pois, a cada dia, aumenta o número de “influenciadores” presos pela prática de crimes.
O Instituto Newport dos Estados Unidos – centro de reabilitação, aconselhamento e saúde mental e de medicina da dependência química – oferece tratamento para “Brain rot”, descrevendo a condição mórbida de “neblina mental, letargia, redução da capacidade de atenção e de raciocino e declino cognitivo”.
O uso continuado das telas e a busca de informações ou de resultados em joguinhos eletrônicos parece entorpecer o cérebro dos usuários que permanecem por longo tempo em frente às telas. O entorpecimento e os longos períodos rolando telas prejudicam o raciocínio, a inteligência, a convivência social e o trabalho.
Natural que a assimilação de informações simples e de respostas imediatas tende a afastar as pessoas de conteúdos mais complexos que exijam raciocínio e interpretação mais profundos para a resolução de problemas. Daí, a perda de inteligência e de capacidade de raciocínio ou, no mínimo, a preguiça mental.
Não se propõe o completo abandono das redes sociais; apenas utilizá-las com parcimônia e moderação. E, principalmente, buscar conhecimento por outros meios, como a leitura e o estudo.
Cuide principalmente para que os filhos não cresçam com “Brain rot” e nem desenvolvam a deterioração do estado mental ou intelectual em decorrência do uso excessivo de joguinhos e de telas.
1 comentário
Infelizmente, não podemos ter certeza de onde vamos chegar com esta dependência q a sociedade atual criou das telinhas, sem q se note qq preocupação com seus efeitos. Em momentos os mais diversos, os pais, para ficarem mais à vontade, colocam seus celulares nas mãos de crianças de todas as idades. O fenômeno “brain rot” é perceptível .