Anjos existem e podem surgir de diferentes formas para ajudar.
Minha amiga Célia e eu conversamos sobre o artigo “A Escada de Loretto”, publicado pelo PortaliMulher. Falamos sobre fé e religiosidade, contidas no artigo citado.
Contou-me ela uma situação que viveu e que, ao relembrá-la, fez sua voz embargar e seus olhos marejarem de emoção. Seus grandes e profundos olhos negros refletem a profundidade de sua alma e os belos sentimentos nela contidos.
Atento a bons casos, pedi-lhe autorização para levá-lo ao conhecimento de nossas leitoras. Modesta, autorizou-me, desde que não citasse seu sobrenome e nem a identificasse. Assim faço.
Não muito tempo atrás, ela foi ao supermercado a duas quadras de sua casa. O tempo estava aparentemente firme. Demora normal de compra em supermercado. Ao sair, contudo, o tempo havia mudado; chovia a cântaros.
Ela não levara sombrinha e precisava voltar para casa logo a fim de pegar os netos na escola. Não havia como esperar a chuva diminuir. Não havia como pedir UBER porque estava a duas quadras de casa e, em razão da chuva, seria muito difícil algum motorista atender à chamada.
Como sempre foi disposta pra tudo, resolveu caminhar de volta para casa de baixo da forte chuva, carregando as pesadas sacolas.
Andava e pedia a Deus ajuda para superar as dificuldades do momento. Os netos na escola… as sacolas pesadas… a forte chuva… o apartamento afastado… o medo de as sacolas se romperem e as compras se espalharem pela rua…
A rua estava vazia; chovia muito forte. Não havia ninguém a quem pudesse pedir ajuda. Ainda assim, pediu a Deus que aparecesse um anjo que a ajudasse pelo menos a carregar as sacolas para aliviar-lhe o esforço que se tornava insuportável. A chuva não a incomodava tanto.
De repente, alguém bateu em suas costas. Assustada, virou-se: era um mendigo, senhor de meia-idade, tão molhado quanto ela, que lhe disse:
– Não se assuste, senhora. Vi a senhora carregando todas essas sacolas. A senhora mora aqui perto?
– Sim, moro a duas quadras daqui, respondeu-lhe Célia.
Ele retornou:
– Tem gente que tem medo de se aproximar de uma pessoa como eu. A senhora quer que te ajude?
Seus pais haviam ensinado a Célia a tratar bem todas as pessoas; eles acolhiam e ajudavam pessoas necessitadas. Ela nunca havia desprezado ninguém, mendigo ou não.
Ela respondeu:
– Eu estava justamente pedindo a Deus um anjo para me ajudar. O senhor é o anjo que Deus me enviou.
Ele riu e disse:
– Anjos existem, aparecem mesmo e ajudam as pessoas. Mas ajudam somente as pessoas boas que merecem.
Foi a vez de Célia rir:
– Eu, boa? O senhor não me conhece. Se conhecesse não diria isso.
Ela não sentiu medo nem repulsa e se lembrou de que, momentos antes, havia pedido a Deus a ajuda de alguém para ajudá-la com as compras. Aquela era a ajuda que Deus lhe enviara. O mendigo era o anjo protetor.
O mendigo tomou a maioria das sacolas de suas mãos e pôs-se a caminhar ao lado dela. Em nenhum momento, Célia sentiu medo ou desconfiança. Os dois foram conversando tranquilamente.
– De longe, eu estava vendo a senhora saindo do supermercado carregando todo esse peso. Como acredito que a gente sempre tem de ajudar as pessoas, pensei em te oferecer ajuda. Pensei que a senhora até poderia ter medo de mendigo ou se assustar comigo, mas eu tinha de fazer alguma coisa para ajudar.
– O senhor não me assusta. O senhor transmite boa energia, talvez porque gosta de ajudar as pessoas.
– Sim, senhora, as dificuldades da vida não me tiraram a vontade de ajudar.
Os dois caminharam calmamente, conversando Eles não apressaram o passo e caminharam normalmente, sem se importarem com a forte chuva.
A chuva deixou de incomodar Célia; os temores, as preocupações e o desconforto deixaram-na. Havia paz e fraternidade; fatores físicos e externos não afetam nem prejudicam o ambiente no qual reinam paz e fraternidade.
O mendigo e Célia chegaram à porta do prédio onde ela morava. Ele entregou as sacolas a ela, que se virou para abrir a porta.
Depois de abrir a porta, Célia virou-se novamente para agradecer-lhe e oferecer-lhe algumas das compras que fizera (havia comprado bolachas para os netos).
Ele havia desaparecido; não esperou sequer os agradecimentos. Célia olhou para um lado e outro da rua e não o viu; ele simplesmente evaporara.
Célia pôs-se a chorar copiosamente. Jesus havia se manifestado a ela por meio de um mendigo. Sim, ele estava na pele daquele mendigo. O mendigo fora o instrumento da ajuda que ela pedira por meio da prece e pôde ser a ajuda porque ela o tratou bem e não teve medo dele.
O grande ensinamento é que as pessoas ficam esperando que as preces e os sonhos se realizem por meio de príncipes encantados (ou anjos) montados em cavalos brancos, com espadas e riquezas. Porém, Deus se manifesta por meio da simplicidade e da humildade. Basta que O saibamos reconhecer.
Naquele dia, ela agradeceu muito a Deus a ajuda preciosa que recebeu e a lição que havia aprendido. Agradeceu aos pais a formação humana e bondosa que ela e seus irmãos receberam, a qual permitiu a ela viver sublimes momentos.
Somente a fé explica aquilo que a ciência não consegue explicar.
Cláudio Duarte.
Colunista e colaborador do PortaliMulher.
10 Comentários
Que história maravilhosa!!! Surpreendente!
Adorei sempre acreditei nos anjos
Gratidão gratidão ❤️🙏
Maravilhoso este texto, as atitudes são expressões do que herdamos dos pais, valem mais que as orações calorosas que até parecem soar bem aos nossos ouvidos .
Adorei
Adorei sempre acreditei nos anjos
Cláudio, que bom que você está sempre atento a bons casos para repassar para nós !
Agradecida !
Sem dúvidas existem pessoas que são verdadeiros anjos.
Sem dúvidas existem pessoas que são verdadeiros anjos entre nós.
Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar”…
Que linda crônica! Eu acredito totalmente. Deus manda seus anjos a todo momento. Já tive vários eventos inesperados em que Ele se manifestou . No momento eu não sabia….