No mês de homenagem às mulheres, justo que se traga a história da música “Maria, Maria”, tributo à coragem e à força da mulher brasileira.
1 – História de música
Conhecer a história de música – como e quando foi composta, a quem homenageia, a que se refere – faz admirá-la e apreciá-la ainda mais.
2 – Milton Nascimento
Milton Silva Campos do Nascimento (1942), cantor e compositor, é um dos mais influentes artistas brasileiros.
Apresentou-se em palcos da América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia e África.
Gravou 34 álbuns e teve indicações ao prêmio Grammy Awards como melhor álbum de música do mundo.
3 – Nascimento de Milton
A mãe de Milton, Maria do Carmo do Nascimento, conhecida como Carminha, nasceu em 1918 em Minas Gerais. Amava música e gostava de cantar.
A música permaneceu como sonho e gosto, porque as dificuldades exigiram que ela trabalhasse. Muito nova, foi para o Rio de Janeiro e trabalhou em casas de família e lavando roupa.

Em 1939, aos 21 anos, Carminha passou a ter emprego fixo na pensão de D. Augusta, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Um dia, ela conheceu João enquanto esperava o bonde na frente da pensão. Carminha e João se apaixonaram e ela engravidou.
Grávida, ela continuou trabalhando na pensão de D. Augusta e, um belo dia, enquanto trabalhava num dos quartos da casa, nasceu seu filho, um menino, que naturalmente tornou-se muito amado pelo pessoal da pensão.
Como João a abandonara, ela batizou o filho com seu sobrenome: Milton Nascimento.
4- Mudança
Um dia, Carminha se desentendeu com D. Augusta e saiu do emprego. Mudou-se para a Baixada de São Cristóvão e levou o filho consigo.
Depois de um tempo, D. Augusta, com saudade do menino, foi visitar Carminha e a encontrou muito magra e a criança mal nutrida. Dona Augusta insistiu para que Carminha voltasse a trabalhar na pensão, mas Carminha, orgulhosa, recusou o convite.
Com 25 anos, Carminha contraiu tuberculose. Como tinha medo de passar a doença para o filho, pediu que levassem a criança para a pensão de D. Augusta, que concordou em cuidar da criança.
Carminha morreu logo depois, com 26 anos.
João nunca mais procurou seu filho, que ficou na pensão.
5 – A adoção
Lilia da Silva Campos, filha de D. Augusta, estudava piano, apaixonou-se pela criança e, como não conseguia engravidar, adotou-o. Lília assumiu o papel de mãe de Milton.
Lília mudou-se para Três Pontas, Minas Gerais, e levou Milton. O menino via a mãe tocar piano na sala e se interessou pela música.
Aos quatro anos, ele ganhou uma sanfona de dois baixos. Aos 13, era crooner do Conjunto Continental de Duilio Tiso Cougo, grupo musical de baile de Três Pontas.

6 – O artista consagrado
Milton Nascimento consagrou-se como cantor e compositor. Escreveu músicas em parcerias com compositores nacionais e estrangeiros.
7 – Maria, Maria
Ele tem muitas músicas que fizeram grande sucesso: “Travessia”, “Coração de Estudante”, “Canção da América” e “Maria, Maria” são os maiores destaques.
A letra da música “Maria Maria”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, homenageia Carminha e sua luta na vida. Contudo, a letra expressiva da música, que celebra a coragem e a determinação das mulheres, tornou-se tributo à força e à luta da mulher brasileira.
Letra e música de Milton Nascimento e Fernando Brant
Maria, Maria, é um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta.
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta.
Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor,
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta.
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre.
Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria.
Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre.
Quem traz na pele essa marca possui
A estranha mania de ter fé na vida.
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre.
Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria.
Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre.
Quem traz na pele essa marca possui
A estranha mania de ter fé na vida.