A brasileira Mariangela Hungria vence o prêmio “Nobel da Agricultura” 2025, em razão de sua contribuição para a segurança alimentar.
Mariangela Hungria
Mariangela Hungria da Cunha, (1958), natural de Itapetininga, SP, engenheira agrônoma, pesquisadora da Embrapa e professora da Universidade Estadual de Londrina, é membro titular da Academia Brasileira de Ciências e grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico.
Pesquisadora da Embrapa desde 1982, é referência em fixação biológica do nitrogênio e uso de insumos biológicos para substituir fertilizantes químicos.

Foi destaque nos rankings de cientistas mais influentes do mundo (Stanford University) e 1º lugar no Brasil em Agronomia e Fitotecnia (2022 e 2025).
A Dra. Mariangela Hungria foi a grande vencedora do World Food Prize 2025 — o mais prestigiado prêmio internacional na área de agricultura e segurança alimentar, conhecido como o prêmio “Nobel” da agricultura. O prêmio, criado pelo Prêmio Nobel da Paz Norman Borlaug, pai da Revolução Verde, reconhece personalidades que transformam a disponibilidade, qualidade e sustentabilidade dos alimentos no mundo.
Criado em 1986, além da distinção o World Food Prize concede anualmente o reconhecimento de US$ 500 mil a personalidades que contribuem para a segurança alimentar mundial. Em 2025, o trabalho da Dra. Mariangela Hungria é, pois, destaque mundial.
Infelizmente, o reconhecimento da brasileira teve pouca repercussão na mídia nacional, mais preocupada com versões de golpe, viagens de integrantes do governo e até da primeira-dama, roubalheira no INSS, queda de popularidade do governo, apostas on line e outros.
A ciência brasileira continua subvalorizada e subnotificada, a não ser que a premiação seja concedida a parceiros ou aliados do governo; esses, sim, merecem destaque por parte da velha imprensa partidarizada.

Seu trabalho
O objetivo de suas pesquisas é claro: “produzir mais com menos”. Mais alimentos com menos impacto ambiental, menos insumos e mais sustentabilidade. Sua contribuição é essencial para o planeta que precisa alimentar mais pessoas com menos recursos, com menos áreas agricultáveis e com menos danos ao planeta.
Seus estudos da microbiologista desenvolvem de tratamentos biológicos de sementes e de solos, que ajudam a planta a obter nutrientes por meio de bactérias do solo, alternativas biológicas para os fertilizantes químicos. O solo e a Natureza se beneficiam da fertilização natural.
A substituição de produtos químicos por produtos biológicos na agricultura tem sido a luta da sua vida, com a finalidade de produzir mais alimentos e, ao mesmo tempo, diminuir o impacto ambiental. Dra. Mariangela conseguiu o aumento da produtividade com o menor uso de produtos químicos.
A fundação World Food Prize destacou que as descobertas de Mariangela ajudaram o Brasil a se tornar potência agrícola global.
Além dos benefícios para o meio ambiente, estima-se que os produtos desenvolvidos pela Dra. Mariangela na Embrapa tenham sido utilizados em mais de 40 milhões de hectares no Brasil e geraram aos agricultores economia de até US$ 25 bilhões (R$127,5 bilhões) por ano em custos de insumos.
Persistência
O trabalho de cientistas exige persistência e dedicação. Por vezes, rendem frutos depois de longos anos de estudo.
A persistência da Dra. Mariangela acha-se expressa em suas palavras: “Acho que a premiação foi devido à minha perseverança de 40 anos, jamais tendo-me desviado do caminho que eu sempre acreditei que era que a gente podia fazer uma agricultura mais sustentável, usando os biológicos em substituição parcial ou total dos insumos químicos”.
Exemplo inspirador
Essa é a primeira vez que o Prêmio Mundial de Alimentação é concedido a uma cientista brasileira. Em 2006, os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paulinelli dividiram o prêmio com A. Colin McClung, dos Estados Unidos, pelo trabalho no desenvolvimento da agricultura na região do cerrado.
A governadora do estado de Iowa, Estados Unidos, Kim Reynolds, presente na premiação, reforçou o exemplo de Mariangela: “como cientista pioneira e mãe, a Dra. Hungria também serve como exemplo inspirador para mulheres pesquisadoras que buscam encarnar ambos os papéis. Suas descobertas levaram o Brasil a se tornar um celeiro global”, afirmou.