“Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança, e que ele submeta os peixes do mar, os pássaros do céu, os animais grandes, toda a terra e todos os animais pequenos que rastejam sobre a terra!” (Livro do Gênesis, Cap. 1, 26).
Muita gente interpreta esse trecho do Livro do Gênesis como se Deus tivesse delegado ao ser humano plenos poderes sobre a vida na Terra e sobre a Natureza. De posse desses poderes, o ser humano não precisaria preservar a Natureza e nem zelar pelos animais; afinal, ele submeteria a tudo e a todos. Interpretação equivocada.
O Capítulo 2º do mesmo Livro do Gênesis diz que Deus plantou um jardim em Éden, a oriente, e nele colocou o homem que havia criado. Ou seja, o homem foi criado do pó e, somente depois de criado, foi levado para o jardim (a Natureza) que Deus havia criado. Não foi o homem quem criou a Natureza; antes, deve respeitá-la e preservá-la como criação e Deus. Tem mais.
O Versículo 15 do Capítulo 2 diz que “O SENHOR Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para o cultivar e o guardar”. Aí está bem clara a atribuição do homem de lavrar o jardim e guardá-lo. Impressionante a inspiração dos autores da Bíblia, que souberam fazer constar dela ensinamentos tão claros e que permanecem ao longo do tempo.
A ação do ser humano sobre a Natureza pode ser comparada à de desastres naturais, pois tem a mesma ação destrutiva de terremotos, tsunamis, erupção de vulcões e tempestades. A exploração de riquezas minerais e vegetais, associada à ganância, está a colocar em risco a sobrevivência humana.
Há muito, anuncia-se o aquecimento do planeta, com consequências imprevisíveis sobre a vida.
O conflito desenvolvimento versus preservação, que parece chocar-se com interesses diversos e antagônicos, não deve existir.
Há exemplos na História de civilizações que desapareceram porque não cuidaram dos recursos naturais ou os exploraram de forma predatória.
A civilização pré-asteca na península de Yucatán desapareceu quando sua agricultura deteriorou-se. A civilização da Ilha de Páscoa, da qual restam apenas os moais, desapareceu provavelmente depois que que a cobertura vegetal da ilha foi diminuída. Arqueólogos estimam que 30 mil pessoas chegaram a viver na ilha em seu apogeu. Quando foi descoberta em 1722, a ilha não tinha mais que uns poucos nativos, que praticavam o canibalismo.
A tecnologia humana não se sobrepõe ao equilíbrio da Natureza. O ser humano há que ter humildade de ajustar as suas ações e o seu conhecimento à sabedoria da Natureza.
Afinal, cabe ao homem “lavrar e guardar o jardim”.