PRECE DE GRATIDÃO
“E (nós Te agradecemos) os milagres, a redenção, os feitos poderosos, as salvações e as realizações extraordinários que Tu realizaste por nossos antepassados naqueles dias, naquele tempo”. (introdução do trecho de Al Hanissim).
Nos oito dias de Chanucá, recitamos o trecho Al Hanissim nas orações diárias e na bênção após as refeições.
A FESTA DO CHANUCÁ
A Festa de Chanucá, ou a Festa das Luzes, dura oito dias e é comemorada por judeus de todo o mundo. É assim nomeada em comemoração à reinauguração do Templo Sagrado de Jerusalém, conquistado após anos de guerras no ano 3.597 do calendário judaico (164 a. C.). Os judeus seguem o calendário lunar e não o gregoriano, seguido pelo Brasil.
Observem que os judeus mantêm a tradição da festa e a comemoram há 2.187 anos ininterruptamente.
Chanucá celebra dois tipos de milagres: 1) a vitória militar dos judeus, em número muito menor, sobre os gregos; e 2) a vitória religiosa dos valores judaicos sobre os valores gregos.
A vitória espiritual é simbolizada pelas luzes de Chanucá.
AS COMEMORAÇÕES
Durante as comemorações, acende-se uma Chanukiá (candelabro de 9 braços, incluindo o central e maior, denominado Shamash, ou servente). Na primeira noite acendem-se o braço maior e uma vela. A cada noite, sucessivamente vai-se acendendo outra vela, até que no oitavo dia o candelabro está completamente aceso.
O acendimento é feito com preces de louvores a Deus, de exaltação aos antepassados e de gratidão.
VITÓRIA MILITAR E RELIGIOSA
O Chanucá relembra a guerra dos macabeus, liderada por Yehudá ha-Macabi (Judá, o Macabeu), as perseguições religiosas que provocaram sua deflagração, a vitória sobre os greco-sírios e a purificação do Santuário e sua consagração.
Antíoco Epifâneo, que reinou sobre a Síria entre 175 AC e 164 AC e liderou os selêucidas, invadiu Israel, perseguiu os judeus, proibiu-lhes as práticas religiosas judaicas e ordenou a adoração do deus grego Zeus. O seu ato final de profanação, que precipitou a Revolta dos Macabeus, foi sacrificar um porco a Zeus no templo de Jerusalém em 167 a. C.
Matatias, sacerdote judeu que liderou a resistência junto com seus cinco filhos, escapou com a família para as colinas, onde muitos judeus fiéis se juntaram a ele. A partir daí, os macabeus conduziram guerrilhas contra os selêucidas.
Após a morte de Matatias em 166 a. C., o seu filho Judas Macabeu assumiu o comando da rebelião. Sob sua liderança, os Macabeus, como eram chamados, conseguiram capturar Jerusalém e restaurar o templo em 164 a. C.
Em 164 a.C., Antíoco Eupátor, filho e sucessor de Epifânio Eupátor, concordou com a paz e permitiu a retomada das práticas judaicas.
Assim, em 164 a. C., começou o Festival de Chanucá em comemoração à vitória dos macabeus e à restauração do Templo.
A história da rebelião está registrada em “As Guerras dos Judeus”, de Flávio Josefo (nascido em 37 d. C., historiador), e nos livros não canônicos 1 e 2 de Macabeus.
MILAGRE RELIGIOSO
O milagre religioso deu origem à festa de Chanucá como a conhecemos hoje.
Após a purificação da Cidade Santa em 164 a. C., havia somente um jarrinho no Templo com o selo intacto do Cohen Gadol (Sumo Sacerdote), contendo azeite para manter as luzes acesas apenas por um dia.
Contudo, o azeite durou oito dias, tempo suficiente para que novo azeite puro fosse produzido. Milagrosamente, com azeite insuficiente as luzes permaneceram acesas por sete dias a mais que a quantidade física de azeite permitiria.
ATUALMENTE
A festa de Chanucá é realizada a partir do dia 25 de Kislev (calendário judaico, que neste ano corresponde ao dia 07 de dezembro), data em que o Templo foi purificado, e marcada pelo clima familiar de grande alegria.
O mandamento principal de Chanucá hoje é o acendimento da Chanukiá. Os oito braços do Chanukiá são para lembrar o milagre dos oito dias em que a Menorá ficou acesa com azeite. A Chanucá é conhecida como a Festa dos Sete Dias porque a quantidade de azeite era suficiente para manter as luzes acesas por um dia somente e as manteve por oito dias.
A Menorá tem sete braços, e a Chanukiá, que se origina da Menorá, tem nove.
Acendemos velas em Chanucá para comemorar a vitória e o milagre dos macabeus e também para recordar as razões pelas quais destemidamente lutaram, quais sejam a defesa dos valores e das crenças judaicas.
Apesar de suas crenças arraigadas e de suas convicções, o povo judeu nunca fez guerra para impor seus valores e crenças a outros povos. Guerreou pelo direito de manter a sua fé, as suas crenças e os seus valores, assim como foi a luta contra os selêucidas há mais de 2 milênios. Assim como está sendo na guerra atual, na qual Israel se defende contra a agressão terrorista que lhe fez o Hamas.
As luzes servem de lembrança de que Deus compartilhou conosco a Sua Torá e cabe-nos, portanto, a responsabilidade de “ser luz entre as nações”, como temos sido desde os tempos antes de Cristo, para divulgar e defender a crença no Deus Único e Criador.
Israel difundiu a crença no Deus Único pela força de sua fé e pela convicção de seu povo e não pela espada.
Coronel Veterano Elias Brawerman, formado pela Academia Militar de Agulhas Negras em 1971, residente em Curitiba/PR.
Fontes: Revista Morashá e Wikipédia.
1 comentário
Excelente e oportuno, dado o momento que vive o povo judeu e o baixo conhecimento que de modo geral se tem de sua história. Julgar fatos sem conhecer as motivações nem sempre é o caminho mais seguro para o entendimento . A leitura de Flávio Josefo me foi de grande utilidade.