O Screeen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-Aftra), sindicato que representa mais de 160 mil atores de Hollywood, declarou que os artistas entraram em greve e se associaram aos roteiristas, que estão parados desde maio.
É a primeira greve dos atores nos últimos 40 anos e é a primeira greve conjunta de roteiristas e atores desde 1960.
A produção de filmes e de séries para os canais de televisão está parada. São dois os motivos para a greve.
O primeiro envolve o pagamento de “residuais” aos atores. Residuais é a gratificação que os atores envolvidos em séries e filmes têm direito a receber toda vez que o trabalho é exibido na TV ou quando das vendas de DVD, blue-rays e demais mídias físicas. Acontece que o streaming não permite verificar o número exato de exibições extras. Atores e estúdios não chegaram ao consenso sobre a forma de calcular o número de exibições e o valor dos “residuais”.
A negociação dos residuais é questão trabalhista comum; o incomum é o segundo ponto da discórdia entre atores e estúdios.
Os estúdios fizeram uma proposta de substituir os atores por réplicas digitais. Com a proposta, os atores serão pagos por apenas um dia de trabalho e escaneados, e os estúdios usarão a imagem digital, gerada pelo scanner, indefinidamente.
Essa decisão afetará principalmente atores secundários e figurantes, que compõem a maioria dos representados pelo sindicato.
No caso dos roteiristas, há o temor de que a inteligência artificial (IA) seja usada para criar novos roteiros e as pessoas fiquem apenas com a missão secundária de fazer ajustes nos roteiros propostos. Logicamente que assim ganharão bem menos.
Além das questões de trabalho, salários e substituição do ser humano pela máquina, há dúvida se a IA apresentará originalidade e criatividade em seus roteiros, porque a IA não cria, mas somente reproduz as informações que lhe foram gravadas.
A dificuldade será encontrar o ponto de equilíbrio entre a atuação da IA e a do ser humano, sem prejuízo para a arte, a originalidade, a criatividade e sem prejuízo dos salários.
Pode ser que a paralização dos trabalhos em Hollywood e os motivos que deram origem à greve se repitam em outros setores no futuro, que não se sabe se será próximo ou distante.