Estudantes brasileiros foram reprovados em estudos internacionais de análise da proficiência da educação no país.
Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Cento de Pesquisas Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (IEDE), e Letícia Maggi, gerente de comunicação do IEDE, assinaram artigo no Correio Braziliense, de 26 de maio, que deveria merecer maior atenção de autoridades e dos brasileiros. Por esta razão, com base no referido artigo, o Portal Imulher trata do assunto também.
O “Progress in International Reading Literacy Study” (PIRLS), estudo internacional sobre o desempenho em leitura de crianças de 9 e 10 anos, é realizado a cada cinco anos desde 2001 pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA).
O PIRLS é projetado para medir a alfabetização de leitura das crianças, a fim de fornecer linhas de base para estudos futuros de tendências de desempenho e para coletar informações sobre as experiências de aprendizagem da leitura em casa e na escola das crianças de diferentes países.
Mais de 65 países e regiões, dentre os quais o Brasil, participaram do PIRLS 2021. O Brasil fez a estreia no projeto com amostra representativa de alunos de escolas públicas e privadas de todas as regiões.
O Brasil ficou nas últimas colocações e a grande distância da pontuação obtida por países desenvolvidos. Todos os países desenvolvidos obtiveram acima de 510 pontos; o Brasil obteve a média de 419 pontos. Há outro dado mais preocupante sobre o resultado obtido pelas crianças brasileiras.
O PIRLS tem a seguinte interpretação pedagógica em função do número de pontos obtidos pelas crianças:
NÚMERO DE PONTOS | INTERPRETAÇÃO DADA PELO PIRLS |
De 400 a 475 | Nível básico de proficiência |
De 475 a 550 | Nível intermediário de proficiência |
De 550 a 625 | Nível alto de proficiência |
Acima de 625 | Nível avançado de proficiência |
38,5% dos alunos brasileiros obtiveram menos de 400 pontos, ou seja, não estão nem no nível básico da escala. Um quarto dos alunos brasileiros obteve pontuação igual ou inferior a 339 pontos, o que demonstra que esses alunos não conseguiram sequer ler a prova e não chegaram ao final da avaliação. Os países desenvolvidos não tiveram alunos com menos de 340 pontos, e seus alunos com 400 pontos foram exceção.
O PIRLS alerta que o Brasil não está nada bem nos anos iniciais da alfabetização, mas não somente nos anos iniciais.
O “Programme for International Studente Assessmente” (PISA) (Programa Internacional de Avaliação de Alunos, outra avaliação de alunos destinada a estudantes de 15-16 anos), também colocou o Brasil nas últimas posições.
Segundo os avaliadores, o baixo desempenho dos alunos brasileiros está relacionado ao baixo conhecimento, a dificuldades socioemocionais e a dificuldades com a prova.
O PISA apresenta textos longos de interpretação, que exigem maior concentração e resiliência para que se consiga responder as perguntas referentes ao texto. Falta capacidade de leitura e de concentração aos alunos. Além disso, há questões abertas que exigem habilidades mais complexas, e os estudantes brasileiros estão acostumados com questões de múltipla escolha.
Essas constatações deveriam servir de base para os responsáveis pela educação em todos os níveis formularem e atualizarem programas de alfabetização.
O Brasil está carente de educação.