A vida atual é tão corrida que um evento, realizado numa semana, torna-se obsoleto na semana seguinte. Não se fala mais nele. Surgem novos assuntos que despertam a atenção e que se tornam a pauta das redes sociais.
Com isto, deixa-se de analisar o fato em profundidade e dele extrair ensinamentos e lições.
Como a coluna é quinzenal, o fato de dez dias atrás será abordado com atraso. Não o fato em si, que já perdeu importância, mas os ensinamentos que ele possa ter deixado.
Trata-se do surgimento inesperado do Padre Kelmon no cenário nacional. Ilustre desconhecido, surgiu no debate entre os candidatos à presidência promovido por uma rede de televisão.
Ele causou alvoroço. Pôs-se a fazer perguntas e acusações. Ninguém sabia como se antepor a um padre candidato. Qual o seu passado? Qual a sua atuação? Que tinha feito de bom ou de errado? Quais declarações ele havia prestado? Qual a sua linha política? Como debater com um padre?
Ninguém sabia nada a respeito dele. Ninguém foi ao debate preparado para enfrentá-lo, julgando-o apenas um candidato nanico que nada acrescentaria ao debate e que, como padre, certamente se mostraria inofensivo.
Enganaram-se todos. O Padre Kelmon desconcertou políticos maduros e experientes com sua fala e seus questionamentos. Ninguém foi ao debate preparado para debater com ele.
Eis exemplo marcante de surpresa, de surpreender o adversário.
Surpresa significa atingir o adversário no momento e no lugar inesperados ou em condições não previstas por ele.
O adversário não está em condições de reagir eficazmente e em tempo oportuno quando atacado num local ou numa direção para os quais não se preparou.
O adversário necessitará de maior tempo de reação, até se recobre da surpresa, tome consciência do que está acontecendo, de como foi atacado e como poderá reagir diante da situação imprevista.
Durante este tempo, o atacante consegue avanços e êxitos.
A surpresa é poderoso multiplicador do potencial de ataque, mas é um êxito temporário.
Dizem que o presidente George Bush ficou petrificado e incrédulo quando foi informado sobre o ataque terrorista às Torres Gêmeas. Que fazer? E agora? Como foi? Que aconteceu?
Quem assistiu ao debate citado neste texto percebeu como é difícil e desgastante ser surpreendido e não saber o que fazer nem como reagir.
A melhor maneira de não ser surpreendido é fazer planejamento minucioso da situação. É analisar todas as alternativas possíveis, mesmo as mais improváveis. É ter respostas em condições de serem dadas para qualquer situação e eventualidade.
Por outro lado, tenha a certeza de que surpreender o adversário sempre dará vantagens que, embora ocasionais, podem assegurar êxitos e até encaminhar as suas forças para a vitória final.