Processo mnemônico, segundo o Aurélio, é a “técnica que ajuda a fortalecer a memória mediante processos artificiais auxiliares”.
Em tempo de pandemia, o Dr. Arnóbio Félix, médico ortopedista e amigo que fez cirurgia em meu pé, criou processo mnemônico para não esquecer nada ao sair de casa: “CARTEL DI CHAMAS”. Ele aproveitou as primeiras sílabas das palavras das quais ele queria se lembrar.
CAR – Carteira;
TEL – Telefone celular;
DI – Dinheiro (ou cartão de crédito);
CHA – Chaves;
MAS – Máscara.
Esta a maneira prática de ele não esquecer nenhum item que deveria portar ao sair de casa e de conferir se estava de posse de todos os itens necessários.
No Exército, utilizamos muitos processos semelhantes para memorizar itens, e um deles é o E S A O N. O processo é tão bom que o aprendi lá pelos idos de 1968 e nunca o esqueci.
E S A O N deve ser empregado quando o militar está perdido na selva, no campo ou em qualquer situação. A pessoa perdida tende a andar em círculos, a se irritar e a se descontrolar, o que somente agrava a desorientação.
Ao perceber que está perdido, o militar deve colocar em prática o E S A O N, que consiste em:
E – Estacionar (parar, economizar energia, não se desgastar, relaxar);
S – Sentar-se (parada completa; sentar-se para recuperar-se, parar para acalmar-se);
A – Alimentar-se (ao alimentar-se, o militar se desligará momentaneamente do problema de estar perdido, e a alimentação lhe trará nova energia. Ao mesmo tempo, ele estará se acalmando);
O – Orientar-se (depois de alimentado, ele poderá buscar novos meios para orientar-se, agora com mais tranquilidade); e
N – Navegar (orientou-se, ele parte na direção pela qual decidiu).
Esta técnica, simples, a ser seguida por quem está perdido no campo ou na selva, pode também ser empregada na vida pessoal em situações de estresse, fadiga ou indecisão.
Você está diante de uma encruzilhada e não sabe qual caminho seguir? E S A O N.
Você está aflita diante de situação de estresse e fadiga, que lhe exige decisão? E S A O N.
Você está andando em círculos, desorientada e não sabe qual rumo seguir? E S A O N.
Recentemente, eu estava diante de um programa novo de computador e não conseguia encontrar a solução. Estava perdido e não tinha “universitários” a quem consultar. Comecei a exasperar-me, o que somente contribuía para aumentar a dificuldade. Lembrei-me do E S A O N.
Deixei o computador, fui para a cozinha, preparei um café fraco (o café forte me estressa e me causa azia), preparei belo sanduíche de queijo (queijo Minas para mim tem o mesmo efeito do espinafre para o Marinheiro Popeye), sentei-me à mesa e saboreei o café com o sanduíche.
Prestem atenção. Não comi; saboreei, como se fosse a última refeição da vida. Sentia o sabor de cada pedacinho do queijo e de cada gole de café. Vivi o momento com gosto, sem estresse e nem pressa.
Meia hora depois, voltei ao computador, e a solução surgiu diante de meus olhos rapidamente. O E S A O N funcionou, o que me motivou a trazer-lhes minha experiência por meio desta crônica.
Apenas para reforçar o conceito da necessidade do momento de relax, quando chegava a ponto crítico de suas equações em que não encontrava a solução, Einstein se sentava em sua poltrona e tirava um cochilo. Ao voltar ao estudo, tinha a solução pronta. Einstein também tinha o seu sistema de E S A O N.
Experimente adotá-lo.
Cláudio Duarte
Colunista do PORTALIMULHER
4 Comentários
Já fiz valer o ESAON na solucao de problemas em minha vida diversas vezes. Parabéns Claudio pelo texto e conteúdo.
Depois de gravar este comentário lembrei-me de ter usado o metodo mnemonico desde os primeiros anos de escola. Na iniciação à geografia a professora nos deu uma frase para gravarmos o nome dos planetas: *Maria Viu Tres Meninos Jantar Sem Usar Nenhum Prato* , frase cujas primeiras letras eram as iniciais dos planetas em estudo (Mercurio, Vênus, Terra, Marte, Jupiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão). Nunca me esqueci…
Parabéns Claudio! Você como sempre nos ensina muito com seus textos. São sempre maravilhosos e trazem reflexões interessantes. Concordo plenamente que sair do problema, esfriar a cabeça e pensar na solução sempre é o melhor caminho. Adorei a técnica.
Parabéns pela crônica Cláudio!
Excelente texto!