A empresa Bassar Pet Food vive momento difícil no mercado. Os biscoitos caninos por ela produzidos podem ter causado a morte de mais de 30 animais de estimação. Tudo indica que os produtos estavam contaminados e causaram intoxicação alimentar nos animais.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), petiscos da empresa foram contaminados pela substância monoetilenoglicol, usada para resfriamento de produtos. A intoxicação por esse produto causa danos aos rins e ao fígado dos animais. No entanto, ainda não foi possível determinar a origem do aditivo utilizado, em virtude da falta de rastreabilidade dos envolvidos.
Interessante notar que o produto químico propilenoglicol é atóxico e inofensivo para humanos e cães. Entretanto, o monoetilenoglicol é tóxico e causa danos à saúde de humanos e animais. O detalhe é que o produto inofensivo é bem mais caro que o tóxico. Terá havido má fé, imperícia ou mera falha humana? Falhas podem acontecer em razão da contaminação de insumos, de falhas na linha de produção e até pela busca de competitividade e eficiência.
A companhia Bassar Pet Food anunciou o recall de todos os produtos fabricados a partir de fevereiro de 2022, com número de lote acima de 3.329.
A empresa contratou auditoria independente para avaliar o maquinário e as matérias-primas utilizadas na fabricação dos petiscos e reforçou que o produto tóxico monoetilenoglicol não é empregado na cadeia de produção.
O caso prejudica a imagem da empresa e pode respingar nas demais empresas do ramo de venda de produtos destinados à alimentação de animais.
Que deve fazer a empresa numa situação dessas?
Para recuperar a confiança abalada, é de fundamental importância que a empresa adote postura transparente. Descobrir a falha, sua origem e causas, divulgar o que foi apurado e, principalmente, divulgar as providências tomadas para sanar as falhas.
Atitudes escusas, camuflagem para encobrir a responsabilidade e meias verdades não devolvem a confiança perdida. A sociedade entende e perdoa aqueles que têm coragem e dignidade de assumir as falhas e de mostrar que corrigiu os erros.
Tergiversações, “tirar o corpo fora” ou atribuir a responsabilidade a terceiros somente despertam mal estar e até maior desconfiança. Isto é válido para pessoas e empresas.
As empresas de automóveis usam os acidentes para substituir peças, corrigir erros e aumentar a segurança de seus produtos. Assumem a falha, fazem recall e dão ampla divulgação ao recall.
As empresas de aviação usam a experiência de acidentes para fortalecer a segurança das aeronaves.
O recall e a transparência resgatam a confiança do consumidor e, ainda que possa persistir receio por parte de passageiros e usuários, os fabricantes demonstram que tiraram proveito do erro para aumentar a segurança do produto e, com isto, restabelecer a confiança abalada.