A Dica Cultural desta semana é da nossa colunista Liliani Bento. A jornalista traz o documentário “O Golpista do Tinder”, que conta a história do israelense Shimon Hayut, que usava o nome Simon Leviev no APP de paquera Tinder. Com nome falso, boa aparência, roupas caras e fotos de viagens e outros artigos de luxo, ele chamava a atenção e recebia muitos matches. Mesmo que esses itens servissem como iscas, era o modus operandi dele, estilo “Príncipe Encantado”, que facilitava para que arranjasse namoradas apaixonadas e, com isso, – que é de conhecimento – já deu golpes que somam cerca de US$ 10 milhões.
Ele tinha uma conversa agradável, se dizia um bilionário russo que lidava com diamantes e que viajava muito. O primeiro encontro acontecia de forma rápida e sempre em hotéis de luxo e viagens de jatinho particular. O encantamento acontecia antes mesmo do primeiro beijo. Mesmo mulheres que não são interesseiras se encantam ao serem tratadas como “princesas”. Depois de conquistar a confiança das vítimas, começava a extorsão, sempre a partir de uma história triste, de que tinha inimigos, que o segurança ficou ferido em um atentado direcionado a ele e que, por isso, não estava podendo utilizar o seu dinheiro. A mulher já havia viajado de jatinho particular, visto cartões, bebido vinhos caros e nem desconfiava que ele não tinha dinheiro. E o mais importante: já estavam envolvidas e acreditando no “Conto de Fadas”.
O documentário conta com o depoimento de três vítimas que resolveram contar suas histórias e dar um basta nos golpes. Uma delas, Cecile Fjelhoy, confessou que quando tornou a história pública um dos seus medos era de ser julgada. No entanto, diante de mais vítimas, ela acabou encontrando sororidade e outras pessoas se juntaram a ela para literalmente “colocar a boca no trombone”. Cecile, inclusive, precisou se internar em um hospital psiquiátrico para proteger sua saúde mental depois que descobriu tudo e ainda estava cheia de dívidas com os bancos, resultado dos empréstimos que fez para dar o dinheiro ao namorado.
Aylee Charlotte foi apresentada no documentário como a última namorada antes dele ser preso. Depois de, por acaso, ler uma matéria sobre o namorado, resolveu que iria se vingar. Ela o enganou para que fosse pego pela polícia. Já Pernilla Sjöholm, mesmo tendo encontrado o golpista no Tinder, acabou se tornando apenas amiga e também levou um golpe. As vítimas se tornaram amigas e criaram um financiamento coletivo para que consigam se livrar das dívidas.
A transição entre “o início de um sonho” e “deu tudo errado” no filme foi muito bem-feita. Inicialmente, as vítimas contam suas histórias e depois a forma como descobriram os golpes e o que fizeram para se vingar pelo menos um pouco.
A partir desta parte do filme começamos a acreditar que o golpista vai se dar mal. No entanto, os créditos mostram que ele ficou apenas cinco meses preso, não respondeu por todos os crimes e ainda ostenta uma vida de luxo nas redes sociais.
Simon Leviev é um exemplo fascinante de como é possível manipular uma pessoa usando as ferramentas certas e um pouco de drama. Além disso, ele tinha a certeza da impunidade, tanto que ao final do filme é exibido um áudio do golpista ameaçando os produtores do documentário. A única coisa que mudou em sua vida é que o Tinder não aceitou mais o seu perfil. Mas existem outros aplicativos nos quais ele pode voltar a vender o sonho de “Príncipe Encantado”. É um documentário que vale a pena assistir, principalmente mulheres solteiras.
Ficha Técnica:
Título original: The Tinder Swindler (O Golpista do Tinder)
Duração: 114 minutos
Estreia: 02/02
Distribuição: Netflix
Dirigido por: Felicity Morris
Classificação: 14 anos
Gênero: Documentário
País de origem: Estados Unidos
Se ainda não assistiu, confira o TRAILLER e assista!