As causas que levaram à atual crise com os Estados Unidos são várias. Pode haver uma ou outra preponderante, de acordo com a avaliação de cada leitor, mas todas elas tiveram parcela de contribuição.
1. Ex-presidente Jair Bolsonaro
Na carta enviada ao governo brasileiro, Donald Trump citou o que considerou perseguição a Jair Bolsonaro, comparando-a a “caça às bruxas”. Contudo, em entrevista Trump declarou que não é amigo pessoal de Bolsonaro e que conviveu com ele apenas como chefe de Estado.
Grande parte da esquerda atribui a Bolsonaro a responsabilidade pelo tarifaço em razão de o seu nome constar na carta de Trump.
Países não têm amigos; têm interesses. Pouco provável que Trump esteja preocupado com a justiça brasileira e com o julgamento do ex-presidente.
O que Trump menos deseja é outro país americano, além de Venezuela, Nicarágua e Cuba, a hostilizar os Estados Unidos e a associar-se à China e à Rússia. Jair Bolsonaro ainda é o candidato com possibilidade de vencer Lula em 2026; natural que Trump o apoie para ter o Brasil na esfera de influência norte-americana novamente.
2. Democracia
A maior parte da população brasileira considera que o Brasil deixou de ser democracia plena depois da perseguição a opositores e a jornalistas e da associação do Executivo com o Judiciário. Mas Trump não alegou a defesa da democracia para outros países aos quais aplicou novas tarifas.
Trump não é defensor da democracia no planeta e aplicou novas tarifas a países democráticos e não democráticos.
3. Liberdade
Apesar de ter usado o argumento da liberdade das big techs com a Europa, Trump não atrelou tarifas ao tema liberdade. Não parece que Trump esteja preocupado com a liberdade no mundo: ele não fala da falta de liberdade na China, nem na Rússia e nem na Arábia Saudita.
A defesa de liberdade pode estar mais relacionada à liberdade das redes sociais que perdem dinheiro com a falta de liberdade. As big techs perderam dinheiro no Brasil em razão das pesadas multas impostas por Alexandre de Moraes e deixam de ganhar a partir do momento que não operam no país.

4. Questões comerciais
As relações comerciais com os países são importantes para Donald Trump. Apesar de ser superavitário nas relações comerciais com os Estados Unidos, o Brasil é protecionista, que impõe pesadas taxas a produtos importados dos Estados Unidos. Caso não houvesse as taxas brasileiras, o superávit americano poderia ser ainda maior. Atualmente os Estados Unidos deixam de ganhar dinheiro com a venda de produtos para o Brasil em razão das tarifas impostas pelo Brasil a produtos americanos.
Trump aumentou as tarifas para todos os países do mundo, que também receberam suas cartas de alerta. Possivelmente o que Trump pretende é aumentar a arrecadação de impostos e buscar maior equilíbrio do comércio entre seu país e os demais.
5. Proteção de empresas norte-americanas
Trump tem-se declarado defensor de seu povo, das empresas de seu país e de seu país.
Alexandre de Moraes proibiu empresas americanas de atuar no Brasil, impôs-lhes pesadas multas e se dirigiu diretamente a elas de maneira ilegal, sem seguir os preceitos em acordo firmado entre os países. Nítida a interferência do Judiciário de outro país nos Estados Unidos.
Do mesmo modo que o governo brasileiro alega “defesa da soberania” e não interferência nas decisões da Justiça brasileira, o governo americano alega interferência do Judiciário brasileiro em empresas norte-americanos e perseguição a cidadãos norte-americanos e a residentes lá.
Segundo Martin de Lucca, advogado da Rumble e da Truth Social, nenhum juiz de nenhum outro país fez o que Alexandre de Moraes fez: dirigir-se diretamente às empresas sediadas na Flórida e por email, no qual pediu sigilo sobre as ordens dadas, sem seguir os canais legais estabelecidos em acordo.
6. Negociador
Trump é negociador duro, que tem por método fazer pesadas exigências e depois ceder e chegar ao que ele deseja. Exemplificando, ele impõe tarifas de 50%, negocia e chega a 30%, o que ele de fato pretendia.
Essa característica está expressa em seu livro “A Arte da Negociação”.
7. O governo brasileiro
Desde que assumiu o governo, em razão de sua ideologia o presidente Lula demonstrou claramente repulsa aos Estados Unidos e deu prioridade às relações com a China, a Rússia, os países do Brics e com países hostis aos Estados Unidos, como Venezuela, Guatemala, Cuba e Irã. Claramente o Brasil tornou-se hostil aos Estados Unidos e ao Ocidente, os quais não veem motivos para tratar como aliado o país que lhes é francamente hostil.

O presidente brasileiro não visitou Washington depois da posse de Donald Trump. O ministro das Relações Exteriores declarou, em depoimento no Congresso, que telefonou para o chefe do Departamento de Estado norte-americano e que Marco Rubio não lhe atendeu e nem retornou a ligação.
Ainda havia boas relações com Joe Biden, presidente anterior, que se deterioraram rapidamente em 2025.
8. Declarações do presidente brasileiro
O presidente Lula pôs-se frontalmente contrário a Israel, aliado dos Estados Unidos, e condenou os ataques israelense e norte-americano às instalações nucleares iranianas. Concedeu declarações que repercutiram mal no mundo, como “Israel promove o holocausto na faixa de Gaza”. Essa foi uma das declarações.
Quando da vitória de Trump, Lula declarou que a eleição de Trump representava a volta do nazismo e fascismo ao poder com outra cara.
Donald Trump ouviu tudo e retribuiu a hostilidade por meio de pesadas tarifas.
9. Brics
O presidente Lula aproveitou-se da reunião do Brics no Brasil em julho para fazer declarações contra a prevalência do dólar no comércio internacional.
Donald Trump havia declarado que taxaria o país que defendesse a ideia de desdolarização do comércio mundial, fato que considera equivalente à derrota numa guerra.

Além de haver defendido sozinho a desdolarização, o presidente Lula ainda foi deixado falando sozinho, pois o embaixador russo, Sergey Lavrov, declarou que a ideia da desdolarização partiu do presidente brasileiro. Os grandes países Rússia e China, que teriam melhores condições de enfrentar os Estados Unidos, mantiveram-se calados sobre o tema e deixaram o Brasil falando sozinho.
10. Reunião de causas
Pode-se considerar uma ou outra causa preponderante ou até menos importante que as demais para a conflagração da crise diplomática. Sem dúvidas, todas elas contribuíram para fazer as relações comerciais do Brasil com os Estados Unidos chegaram ao ponto atual.
3 Comentários
Excelente texto, porém considero que devamos questionar os reais motivos que permitiram a falência do relacionamento Brasil X EUA. Julgo que o objetivo é quebrar o País e, em sendo assim, estão
no caminho certo.
As provocações estapafúrdias, de Lula da Silva contra Trump, podem reforçar essa suspeita.
O Povo brasileiro é um povo em sua maioria naif. Os que têm um pouco de estratégia mete as mãos pelos pés. Não possui inteligência emocional.
Não enxerga nem mesmo os que prejudicam. Quando se dão conta, se vitimaram e se apequenar sem nenhuma dignidade. Não defendem o próprio país, apenas seus ganhos para se manterem no poder, ainda que estejam administrando o caos.
O Povo brasileiro é um povo em sua maioria naif. Os que têm um pouco de estratégia mete as mãos pelos pés. Não possui inteligência emocional.
Não enxerga nem mesmo os que prejudicam. Quando se dão conta, se vitimizam e se apequenam sem nenhuma dignidade. Não defendem o próprio país, apenas seus ganhos para se manterem no poder, ainda que estejam administrando o caos.