O conflito com os Estados Unidos teve escalada perigosa no dia 18 de julho.
Oportunidades de diálogo perdidas
O presidente dos Estados Unidos havia aumentado a tarifa sobre os produtos brasileiros exportados em 50% a partir do dia 1º de agosto.
O governo brasileiro, desnorteado, não soube o que fazer de imediato. O presidente Lula fez discurso na UNE goiana, no qual novamente falou mal dos Estados Unidos e do governo americano. O presidente aproveitou a crise politicamente, como trampolim para as eleições de 2026 porque ganhou pontinhos de popularidade em pesquisas de opinião por defender a soberania.
Não é o momento de pensar em eleições e popularidade quando o país corre sérios riscos.
Depois, Lula concedeu entrevista para a CNN americana, na qual poderia abrir canal de diálogo, mas preferiu falar mal de Donald Trump em canal de televisão do país dele. Chegou a dizer que se Trump estivesse no Brasil seria preso pela invasão do Capitólio em 2021.

Na entrevista, ele fez um discurso doméstico, como se estivesse em campanha. Disse que o Trump não foi eleito para ser imperador do mundo, que Trump fez chantagem e que não aceita nada imposto. A porta-voz da Casa Branca, jornalista Caroline Leavitt, declarou que Donald Trump não tem interesse em ser imperador do mundo, mas tão-somente presidente dos Estados Unidos e que ele defende os interesses de seu povo.
As portas do diálogo foram fechadas e as saídas estratégicas tornaram-se mais distantes.
Problemas já estão acontecendo
Faltam 9 dias úteis para o 1º de agosto, mas os problemas já estão acontecendo. Contratos de venda de produtos brasileiros estão sendo cancelados. Navios que chegaram aos Estados Unidos e estão na fila de espera da aduana americana não desembarcarão os produtos.
Contratos são cancelados com a carga embarcada e o navio a caminho dos Estados Unidos. Operações de financiamento estão sendo rejeitadas porque o contrato perdeu a garantia, que a carga a ser vendida não será entregue.
Mesmo se houver adiamento da entrada em vigor da nova tarifa os problemas das empresas não se resolverão porque haverá falência.
No dia 18 de julho, houve a fuga de 4 bilhões de dólares do Brasil, dinheiro que seria investido em indústrias e na agricultura e que geraria riquezas.
Enquanto isso, o presidente fica dando entrevistas como se estivesse em campanha eleitoral. Para Tom Coelho, “o estadista pensa na próxima geração; o político, na próxima eleição. O estadista edifica o futuro; o político, sua perpetuação no poder”.
Não há sinalização de que o governo esteja tomando iniciativas para solucionar a crise das tarifas.
Embaixadora brasileira em Washington
A CNN informou que a embaixadora brasileira nos Estados Unidos, Maria Luíza Ribeiro Viotti, ao voltar das férias ou ao interromper as férias no dia 17 de julho, procurou o Departamento de Estado em Washington e não foi recebida. Disseram-lhe que “agora é tarde demais”.

O Portal iMulher não tem confirmação dessa notícia, mas seria muita irresponsabilidade se a embaixadora estivesse de férias em plena crise com os Estados Unidos.
Agravamento da crise
A crise se agravou no dia 16 de julho quando a Polícia Federal, obedecendo ordens de Alexandre de Moraes, fizeram operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Bolsonaro e determinou-lhe o uso de tornozeleira eletrônica e determinou medidas cautelares contra ele.

A decisão de Moraes teve os objetivos de humilhar o ex-presidente publicamente; preparar sua prisão ao fazê-la gradativamente para que o povo vá se acostumando com medidas contra ele; e afrontar o governo norte-americano. O ministro Moraes fez questão de anexar a carta de Trump a sua decisão.
O fato teve repercussão internacional, maior ainda nos Estados Unidos, pois Donald Trump havia citado nominalmente o ex-presidente como vítima de perseguição política e de “caça às bruxas”.
Alexandre de Moraes havia praticado um ato que foi tido como provocação, ao determinar à Rumble cancelar o site do jornalista Rodrigo Constantino, residente nos Estados Unidos, o qual estava inativo desde o final de 2023.
Donald Trump interpretou a operação da Polícia Federal contra Bolsonaro como mais um gesto de provocação feita em âmbito mundial. Se Trump refugasse, perderia o moral diante da Rússia, China e Irã.
Novas medidas do governo americano
Na noite do dia 18 de julho, o governo norte-americano cancelou o visto dos ministros do STF Alexandre de Moraes, Carmem Lúcia, Barroso, Gilmar Mendes, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin e Flavio Dino; de Paulo Gonet, procurador-geral da República; do ministro da Justiça Lewandowski; do senador Rodrigo Pacheco; de Fábio Schor, delegado da Polícia Federal; e Andrei Rodrigues, policial federal.

Os parentes, familiares próximos e filhos dos sancionados também tiveram os vistos cassados.
Do STF, somente os ministros Fux, André Mendonça e Nunes Marques não tiveram o visto cassado.
Não se pode esquecer que o vice-presidente esteve ao lado de terroristas internacionais quando da posse do presidente iraniano. O Brasil deixou muito clara sua posição anti-americana.
Repercussão internacional
A sanção contra essas autoridades pode parecer pequena, mas certamente outras virão em sequência; elas foram o primeiro passo. Fala-se na aplicação certa da Lei Magnitsky, que autoriza o governo dos Estados Unidos a punir aqueles que considera violadores dos direitos humanos, congelar seus ativos e proibir-lhes a entrada nos Estados Unido
Há outro aspecto grave: a mais alta corte do país, em sua quase totalidade sofrer sanção dos Estados Unidos que, goste-se ou não, é modelo de democracia para todo o mundo, coloca o Brasil em posição de regime ditatorial, no qual não existe justiça. Aliás, os Estados Unidos têm-se referido ao governo brasileiro com a palavra “regime”, normalmente empregada para países não democráticos: regime cubano, regime venezuelano, regime iraniano. Na diplomacia, o uso da palavra “regime” tem caráter pejorativo.
Escalada da crise
As sanções norte-americanas não ficarão apenas contra autoridades e escalarão para o campo econômico, se não chegarem ao campo militar, esta opção bem menos provável por enquanto. Muitas das guerras atuais são feitas com sanções econômicas, suficientes para estrangular a economia de um país e levá-lo à capitulação.
Não há dúvidas de que os Estados Unidos consideram o Brasil hostil, aliado da Rússia, da China e do Irã.
Dentre as medidas econômicas que os Estados Unidos podem utilizar estão:
- Restrição do espaço aéreo norte-americano para aeronaves brasileiras, o que provocaria o caos para as companhias aéreas brasileiras. As aeronaves brasileiras não poderiam sequer pousar nos aeroportos americanos;
- Aumento das tarifas impostas aos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos;
- Recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos, para denunciar perseguições, censura e o uso político da Polícia Federal para perseguir opositores. Não há maioria no Congresso brasileiro para cassar o mandato do presidente da República e nem de ministros do STF. Infelizmente, a solução terá de vir de fora;
- Expulsar os diplomatas brasileiros de Washington;

- Bloquear o sinal de satélites e do GPS no Brasil. A interrupção do sistema de GPS, controlado pelos Estados Unidos, teria consequências catastróficas para o Brasil. Os sistemas de transporte e logística entrariam em colapso imediato. Aplicativos como Waze, Google Maps, Uber, 99 parariam de funcionar corretamente. O sistema GPS é usado em transações bancárias bolsas de valores e sistemas de pagamento eletrônico. Torres de celular dependem de GPS. A agricultura usa GPS em drones e tratores. O bloqueio do GPS equivale a cortar a energia de uma grande cidade em momento de pico.
- Diante dos fatos, o rompimento de relações do Brasil com os Estados Unidos não está muito distante no horizonte. Corre-se o risco.
Perspectivas
O agravamento das medidas contra o Brasil dependerá das decisões do governo americano e das atitudes que o governo brasileiro adotar. A ideologia parece ditar o rumo das inciativas do governo brasileiro e não se nota disposição para a normalização da relação entre os países.
A postura do governo e do judiciário brasileiros não permite previsões otimistas, pois olham para a ideologia, para interesses pessoais e eleições e não para os interesses do povo brasileiro.
2 Comentários
Parabéns! Muito claro as observações e consequências. E agora o que resta?
Eu concordo 100%!
Houve uma escala para chegar nesse ponto!