O Portal iMulher espera que a crise do tarifaço com os Estados Unidos seja resolvida satisfatoriamente, de modo a não haver prejuízos para os brasileiros, mas as notícias divulgadas nos dois últimos dias transmitem pessimismo.
Economia dos dois países
O governo brasileiro parece ter-se decidido a enfrentar o governo Trump e a imposição de tarifas de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos.
O PIB dos Estados Unidos é de 27 trilhões de dólares; o PIB brasileiro é de 2 trilhões de dólares. Será muito mais fácil para os americanos absorverem o impacto do aumento das tarifas que para o Brasil.

Os Estados Unidos ocupam a segunda posição como o país para que o Brasil mais exporta; a China é o primeiro. O Brasil ocupa a 18ª posição entre os maiores exportadores para os Estados Unidos. Os valores são aproximados. Os Estados Unidos são mais importantes para o Brasil que o contrário.
O Brasil tem maior saldo na exportação para os Estados Unidos de aeronaves; ferro; aço, café; frutas e carnes.
Os Estados Unidos têm maior saldo comercial na exportação de produtos químicos; instrumentos médicos e óticos; produtos farmacêuticos, combustíveis e minerais; e maquinaria e peças. O Brasil sentirá mais falta dos produtos americanos que o contrário.
A economia dos Estados Unidos é muito mais diversificada e muito maior que a brasileira e terá melhores condições de absorver a inflação causada pelas tarifas.
Julgamento do STF
Nenhum país do mundo concordará em alterar um julgamento com base em imposições ou ameaças feitas por outro país. Até aí, o governo está correto.
Mas o governo tem “esticado a corda”, demonstrando falta de interesse de negociar e até tomando medidas consideradas provocativas.
Esticando a corda
Em plena crise da tarifa, o governo brasileiro decidiu juntar-se à ação que a África do Sul move contra Israel na Corte Internacional de Justiça ligada à ONU. A ação acusa Israel, apoiado pelos Estados Unidos, da prática de genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza.
A decisão brasileira pode gerar reações por parte de Israel e aumentar as tensões com os Estados Unidos.
A carta de Donald Trump, informando sobre o aumento das tarifas alega que um dos motivos do aumento é a supressão da liberdade no Brasil e a perseguição às plataformas norte-americanas Rumble e X., com o estabelecimento de pesadas multas.
A carta de Trump chegou ao conhecimento do governo brasileiro na quarta-feira, dia 9 de julho.
No dia 11 de julho, dois dias depois, o ministro Alexandre de Moraes enviou email diretamente para a Rumble, sem seguir os canais legais definidos em acordo entre os dois países, determinando o cancelamento do site do jornalista Rodrigo Constantino, atualmente residente nos Estados Unidos, e a pena de 100 mil reais por dia de não cumprimento da determinação.
Encaminhada apenas dois dias da carta de Donald Trump, o advogado da Rumble e da Truth Social considerou provocação a determinação do ministro Moraes.
Em entrevista, o advogado da Rumble citou que o Ministério das Relações Exteriores havia enviado correspondência ao Departamento de Justiça norte-americano informando que juízes brasileiros não mais deixariam de seguir o acordo firmado entre os países. Moraes ignorou a correspondência.
O presidente Lula fez discursos violentos, nada apaziguadores, contra Donald Trump. Não é postura de quem pretende negociar.
O presidente Lula aprovou o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica, que autoriza resposta às tarifas econômicas impostas ao Brasil de forma unilateral.
Apesar de não citar diretamente os Estados Unidos, não restam dúvidas sobre a quem o decreto se dirige. Se entrar em guerra de taxações, o Brasil fatalmente sairá perdendo.

Lula ainda zombou de Donald Trump dizendo em vídeo que pretende oferecer-lhe jabuticaba para facilitar as negociações. Ou Lula não entende a gravidade da situação ou, como não deseja retroceder nem ceder em negociações, estica a corda sem se importar com os prejuízos que sua conduta causará ao país.
Verdade que políticos demagogos costumam manter postura agressiva em público para firmar posição diante de seus eleitores, mas negociam nos bastidores. Não há notícias sobre negociações de bastidores.
Preocupante é que o tempo passa e não se sabe de negociações nem mesmo para pleitear adiamento da entrada em vigor da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.